Amamentação em público

Mães se posicionam pelo direito de amamentar os filhos

31/03/2014 09:00

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31 de março de 2014 - 09:00
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    A Mallu foi amamentada exclusivamente nos seus 6 primeiros meses de vida e seguimos amamentando até quando ela sentir necessidade. Recentemente, passei por um constrangimento. Estávamos no ônibus e minha pequena quis mamar. Nunca neguei ou tentei 'enrolar' - se ela precisa ser amamentada naquele momento, ela vai ser amamentada, seja onde for. Não me cubro com paninho nenhum e sim, sinto muito prazer em fornecer alimento e vínculo em livre demanda pra minha filha. Não me envergonho. Enquanto ela mamava, um senhor de idade, acho que de uns 70 anos, se sentou ao nosso lado e sorriu. Sorri de volta, gentilmente, e só. Ele continuou nos encarando, olhando fixamente pro meu seio e pra minha filha enquanto mamava. Depois me encarou e começou a apertar seu órgão sexual, rindo e olhando mais uma vez pro meu seio. Fiquei sem reação, me sentindo péssima, abusada, invadida. Pela primeira vez, cobri o seio e o rosto da minha filha. Quando consegui, gritei: 'sai daqui, seu tarado!'. Todo mundo no ônibus me olhou sem entender - e também sem tomar atitude nenhuma - e ele se levantou e foi pra outro banco. Tenho nojo só de lembrar. O corpo da mulher não foi feito para o prazer do homem, não suporto mais essa sexualização de tudo que é feminino. Meu seio estava alimentando a minha filha, e nós estávamos partilhando de um momento incrível de amor. É absurdo que um homem invada e desrespeite assim o nosso corpo, o nosso momento. Ana Fonseca, 25 anos, auxiliar de biblioteca de Belo Horizonte, mãe de Mallu, de um ano e três meses
  • Arquivo Pessoal
    Pode parecer clichê dizer isso, mas eu não entendo porque é normal uma mulher desfilar com os seios de fora no carnaval e não é normal eu amamentar meus filhos em público. O alimento é uma questão de sobrevivência, não tem nada de supérfluo. Se eu estiver em uma festa ou no shopping e meu filho estiver com fome, vou amamentá-lo. E sim, quase todos os dias recebo olhares discriminatórios, geralmente de pessoas mais velhas. 'Não está vendo que aqui não é lugar disso?', dizem. Mas é claro que é! Meu filho quer ser alimentado, ele será. O pequenino nem sabe se está neste ou naquele lugar; e meu direito de ir e vir não deixou de existir porque me tornei mãe. Pode ser que alguém ache a exposição do seio feminino, por si só, como algo vulgar. Mas eu, como mãe, não acho. É um ato de amor. E a hora de parar também será decidida por ele. Minha filha mamou até 2 anos e sete meses. Se ele também quiser, assim será. Tuane Almeida, 24 anos, dona de casa de Belo Horizonte, mãe de Nath, de 5 anos; e de Ramon, de quase dois meses.
  • Reprodução / Facebook
    Respondi que nada me impedia de amamentar. Meu marido se aproximou (após ver um tumulto a minha volta) e questionou os motivos para isso já que se trata de um local de acesso publico, questão essa que ela não soube responder, apenas continuou repetindo que era proibido e me instruiu a fazer um reclamação pelo site, pois segundo ela o diretor do MIS que recebe esse tipo de contato. A cena me constrangeu e acordou minha filha, que voltou a pedir para mamar, um ato natural de uma criança de 7 meses. Decidimos nos retirar, apesar de ter visto apenas a primeira parte da exposição. É comprovado que a amamentação tem vital importância no desenvolvimento das crianças e acredito que é um ato que deveria ser encorajado e respeitado, e não podado e reprimido. Isso constrange e humilha uma mãe que está simplesmente dando o seu melhor ao filho. Priscila Navarro Bueno, 23 anos, modelo de São Paulo, mãe de Julieta, de sete meses, relatando como reagiu ao segurança que disse 'não ser permitido amamentar no Museu da Imagem e do Som (MIS)'
  • Arquivo Pessoal
    Amamentei a Beatriz até os dois anos e meio e o Benício, se ele desejar, vai pelo mesmo caminho. Para mim, a amamentação deve ser em qualquer lugar que e o bebê desejar. É muito natural. Já amamentei até na igreja, durante o batizado. Eu pesquisei e busquei orientações sobre a melhor forma de criar meus filhos e optei pela livre demanda, ou seja, não há um horário preestabelecido. E meu marido me apoia nisso, o que é muito importante. Ainda assim, muita gente olha esquisito, com aquele jeito conservador. Tenho amigas que precisaram amamentar no banheiro. Imagina? Comer no banheiro! E tem mais: mesmo nos estabelecimentos, como os shoppings, que dizem ter um 'local apropriado' para isso, você chega lá e tem apenas uma cadeira, num cantinho. Então você acaba utilizando os meios que tem - a poltrona no corredor, a cadeira no restaurante... Não sou contra a alimentação com leite artificial, se houver indicação para isso, é claro, mas no meu caso eu dispenso. E olha que eu, mãe de segunda viagem, achando que já conseguia me virar, passei por apertos com Benício. O leite empedrou, meu mamilo ficou machucado e os dutos de leite entupiram. Mas consegui uma ótima orientação no Banco de Leite da Maternidade Odete Valadares. A equipe me ajudou a desentupir os canais com uma agulhinha e me mostrou a 'pega' correta para o bebê. Recomendo para todas as mães uma visita, a instituição é pública e atende muito bem. Amamentar pode ser difícil- às vezes dói, incomoda, vaza -, mas com uma boa orientação o processo se torna muito mais prazeroso. Estefânia Zica, 36 anos, artesã de Belo Horizonte, mãe de Beatriz, de 5 anos; e de Benício, de três meses
  • Arquivo Pessoal
    Quando minha primeira filha nasceu, eu achava que todas as mulheres amamentavam. E acreditava que todo mundo achava normal amamentar em público. Logo percebi que meus conhecidos, quando viam que eu estava amamentando, pediam desculpas como se estivessem incomodando e me deixavam sozinha. Comecei a reparar e não via outras mulheres amamentando em público. Isso fez com que eu ficasse envergonhada de amamentar na frente dos outros. Chegou ao ponto de eu sair do restaurante para amamentar no carro, ou ficar 40 minutos fechada dentro do meu quarto amamentando, enquanto meu marido conversava com as visitas na nossa casa. Isso foi muito ruim para o processo de amamentação. Eu complementava com leite artificial e acabei achando mais fácil dar mamadeira quando saía. Minha filha parou de mamar aos 4 meses. Não queria mais o peito. Isso é muito comum quando se introduz a mamadeira. Quando meu segundo filho nasceu, estava decidida a não cometer o mesmo erro com ele. Quero amamentá-lo exclusivamente até os 6 meses. Hoje, amamento em qualquer lugar, a qualquer hora. Bebês dessa idade não têm hora certa pra mamar. Faço com muita naturalidade e percebo que as pessoas não ficam constrangidas quando nós também não estamos. Escolho blusas e vestidos com aberturas e botões, para que não precise expor o peito todo, mas também não cubro com fraldas nem mantas, o bebê fica abafado dentro delas. Luciana Costa, 35 anos, servidora pública de Belo Horizonte, mãe de Marina, 3 anos; e de Samuel, 3 meses
  • Arquivo Pessoal
    Acho que todas as mulheres devem amamentar. E, como não dá para ficar seis meses sem sair de casa, muito menos ficar 'passando aperto' na rua com a criança chorando de fome, devem amamentar em público sim. Outro dia estava no shopping, amamentando Samuel, em frente à loja em q os meus pais estavam com minha filha mais velha, Marina. Uma mulher falou alto - para eu escutar - que era feio amamentar no meio do shopping, que para isso tinha o 'espaço família'. Na hora fiquei indignada. Não é proibido amamentar em público, o espaço de amamentação existe para quem quiser um lugar reservado. Para quem tem vergonha, como eu mesma cheguei a ter, esse espaço é ótimo. Mas fiquei também muito triste. Não é fácil amamentar. Nós ficamos muito cansadas, requer muita doação para o filho. Eu estava lá, tentando fazer o meu melhor; e ainda assim sendo criticada. Será que aquela mulher parou pra pensar no trabalho que eu teria para levar o carrinho do meu filho, pegar o elevador, ir para outro andar e caminhar um bocado até chegar no 'espaço família', isso com o bebê chorando, só para fazer uma coisa tão natural como amamentar? Por que uma mulher pode fazer topless na praia, ou colocar um super decote que só não mostra o mamilo; e amamentar é feio? Continuo e vou continuar amamentando meu filho em público até ele desmamar. Quem sabe as pessoas, pelo menos as que convivem comigo, comecem a ver esse ato com mais naturalidade. Luciana Costa, 35 anos, servidora pública de Belo Horizonte, mãe de Marina, 3 anos; e de Samuel, 3 meses
  • Arquivo Pessoal
    O mais comum é aquele olhar reprovador. Os homens, então, nem chegam perto quando você está amamentando. Só de ver o peito, ainda que neste contexto, há o constrangimento e o medo de serem julgados por estarem próximos a uma mulher que está amamentando. Participei do mamaço no MIS porque a criança tem o direito de ser alimentada em qualquer lugar e fiquei chocada com a postura do museu, ainda mais por ser um lugar supostamente administrado por pessoas mais esclarecidas. Na minha família e na família do meu marido, pelo menos, não encontramos qualquer resistência a conviver com o ato de amamentar, em qualquer lugar. É muito careta e conservadora essa postura de restringir qual parte do corpo a pessoa pode mostrar, independentemente do porquê. Marina Beraldo Bastos, 28 anos, musicista de São Paulo, mãe de Cecília, de 5 meses
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    Não sou de ficar constrangida, eu 'peito' tudo de frente. Mas, quando tive minha primeira filha, saí uma vez de vestido e esqueci de levar a tal fraldinha. Estava na fila de pagamento de um bazar beneficente, quando a bebê começou a reclamar. Sem conseguir o que queria, ela berrava. Foi a primeira vez que me senti sem opção. Saquei o peito, com um braço eu a segurava, com a outra mão tentava tapar a mama. Virei para um lado e percebo um voluntário do local com olhar terno, contemplando sem maldade a aura do momento. Mas, quando ele percebeu que eu estava com vergonha, ficou constrangido e delicadamente se retirou. Já fui, e ainda sou frequentemente abordada dentro da Igreja com sugestões de ir amamentar no fraldário, mas agradeço e prossigo.  As pessoas sentem aversão porque numa cultura em que o seio é objeto sexual, ver um bebê com a boca num mamilo desperta ideias consideradas sujas. As pessoas têm vergonha de assumir isso e tentam disfarçar o sentimento com a preocupação da privacidade da mãe, com a questão da higiene, dentre outras justificativas. Mas não conseguem ver como um momento de nutrição, e não de sexualidade. Acredito que essa forma de pensar restringe as mulheres na amamentação e no parto. As pessoas não conseguem ver os processos naturais, sempre direcionam sua visão para a sexualidade exacerbada. Paola Alfarano Ribeiro, 31 anos, teleoperadora de atendimento de Guarulhos, mãe de Mariana, 5 anos, Manuela, 2 anos e 10 meses e Marieva, quase 8 meses.
Tags: mamaço amamentar amamentação na rua amamentação em público

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