Quero mudar! e outras histórias

Eles fazem a diferença por meio da internet

30/04/2013 08:00

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30 de abril de 2013 - 08:00
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  • Arquivo Pessoal
    (queromudar.andrepacheco.com) Com um histórico de 'efeito sanfona' no currículo, principalmente após os 19 anos, André Pacheco sempre conseguia emagrecer, 'quando quisesse'. Ele já foi dos 90 aos 125 quilos. 'Antes de vir pra São Paulo, por exemplo, fiz uma reeducação alimentar e exercícios físicos. Cheguei aqui com apenas 10kg acima do meu ideal. Mas engordei 20kg nos últimos meses e fiquei um sedentário de marca maior', conta. Ele fez um cronograma sobre as coisas que queria mudar, começou a fazer acompanhamento com uma nutricionista e buscou orientação na academia que frequenta.
  • Reprodução / Instagram
    'Quero que as coisas sejam feitas naturalmente, devagar, para deixar meu corpo se acostumar com as mudanças e, principalmente, que a minha cabeça também esteja no ritmo', explica o jovem. Para ele, a publicação é uma forma de 'não deixar a peteca cair: 'acompanhei vários blogs e, em todos eles, vi que a pessoa não desistia. Parece que quando a história é contada pelo protagonista, ele se sente mais confortável em continuar. Porque toda mudança, por mais benéfica que seja, traz uma série de questionamentos e momentos em que a vontade de desistir é grande. Eu vejo o blog como uma forma de receber apoio, conversar com pessoas que também estão mudando ou querendo começar esse processo'.
  • sxc.hu
    Ele explica que o conteúdo não é apenas sobre perder peso e parar de fumar (seu maior desafio), é sobre estilo de vida e maneiras de enxergar o mundo. 'Como eu já disse num post, emagrecer é fácil, difícil é mudar a cabeça de gordo. Pelo menos comigo, estar acima do peso envolve questões de autoestima, de como eu me enxergo e me coloco perante as pessoas com quem eu convivo. E é isso que eu quero mudar, a maneira como eu trato meu corpo: quais alimentos estou consumindo? Vale a pena fumar?', conta ele.
  • Reprodução / Quero mudar
    Ele começou o diário virtual no final de março, mas já colhe os frutos da experiência. 'Muitas pessoas, algumas que não falavam comigo há muito tempo, vieram dar força, e muitos (antes) desconhecidos estão elogiando e participando', comemora. O processo, no entanto, não é fácil. 'Largar a nicotina é meu maior desafio e tem impacto em todo o processo de mudança, mais do que emagrecer. Quando a gente abandona um vício, qualquer que seja, conseguimos alcançar nossos objetivos', define.
  • Reprodução / Instagram
    Com apenas três semanas, os efeitos já aparecem. 'Eu sempre gostei de escrever. Contar as experiências tira o peso que a mudança traz. Ver as pessoas, amigos ou não, comentando e desejando que as coisas deem certo, dá um gás para continuar. Um dia eu não ia na academia, estava muito cansado, mas daí lembrei da promessa, e fui correndo', relata André. Ele já sentiu outros impactos. 'A disposição é outra, o sono melhorou, a dor de cabeça inexplicável que me atormentava ficou bem menor. O estômago manda recados menos fortes e já preciso tomar menos remédios. A aparência, por enquanto, é a mesma, exceto por um detalhe importante: um sorriso de orelha a orelha. Antes, ele era bem mais raro. Parece que estou mudando, de dentro pra fora. Isso me deixa feliz', conclui o blogueiro.
  • Divulgação / Blog da Mimis
    (blogdamimis.com.br) Michelle Franzoni Frantz tem 35 anos, é fisioterapeuta e mora em Florianópolis. Ela emagreceu 32 quilos por meio da reeducação alimentar e exercício físico, sem uso de medicamentos. Ela criou o Blog da Mimis em setembro de 2012, com a ideia de compartilhar os conhecimentos adquiridos em culinária saudável, atividade física e qualidade de vida. A ideia deu tão certo que ela passou a se dedicar exclusivamente à produção de conteúdo e palestras na área de saúde.
  • Divulgação / Blog da Mimis
    Com mestrado em Engenharia de Produção e doutorado em Engenharia e Gestão do Conhecimento, ela acredita que conhecimento não se aprende somente nas universidades, mas também as experiências compartilhadas. 'Acredito que tanto escrever, como ler, são importantes para adquirir hábitos saudáveis e conquistar suas metas. Relatar seu dia a dia, suas conquistas, os problemas enfrentados nos ajuda a refletir sobre o processo. E ainda ajuda diversas outras pessoas que acompanham os seus relatos', resume.
  • Divulgação / Blog da Mimis
    Ela acredita que seguir outras pessoas que têm objetivos em comum, assim como ser seguido por outros, cria um laço em prol da vida saudável. Um exemplo disso é a hashtag do Instagram. Em menos de quatro meses, #projetomimis já conta com mais de 50 mil fotos de pessoas marcam suas imagens de atividade física, alimentação e bem estar. Muitas deles acabam se encontrando e criando amizades, tanto virtuais quanto reais. Michelle revela que existe, sim, um receio quanto à exposição. 'Quando resolvi criar o blog, minha maior preocupação era a exposição da minha vida, que sempre foi muito privada. Sabia que este seria o meu maior desafio: ser vista, perder a privacidade e mais, ser criticada. É preciso saber lidar com a exposição e tentar separar ao máximo a vida pessoal e a vida pública. Saber até onde os seguidores ou leitores podem interferir na sua intimidade. Eu tenho um limite e deixo isso bem claro', ensina.
  • Divulgação / Blog da Mimis
    Ela conta que, embora a grande maioria das pessoas busque aprendizado, algumas só aparecem para criticar. 'É preciso também saber lidar com o público. As pessoas que tiram experiências positivas dos meus relatos fazem meus dias mais felizes hoje. Recebo depoimentos de pessoas de todas as partes do Brasil e até do mundo, que relatam que mudaram de vida, emagreceram, estão mais estimuladas, começaram a praticar atividade física, ou outras coisas legais como essas. Isso compensa qualquer fator negativo', comemora.
  • Divulgação / Blog da Mimis
    Michelle, que sempre gostou de escrever, acabou fechando a clínica de fisioterapia enquanto cursava a graduação de artes visuais e terminada o doutorado. 'O tema da minha tese, que naquela época parecia meio perdido, hoje faz parte do meu trabalho: 'Criação e compartilhamento de conhecimento em ambiente virtual interativo'', explica. Para a blogueira, apesar da mudança radical de carreira não ter sido planejada, tudo foi levado muito a sério e com muita dedicação, assim como o processo de emagrecimento. 'Hoje, em apenas seis meses de Blog da Mimis, mais de 200 mil pessoas me acompanham nas redes sociais. O blog e a minha carreira atual não nasceram da noite para o dia. Nasceram desde o dia que aquela pré-adolescente tímida decidiu: Eu quero ser diferente. Eu quero fazer a diferença', lembra.
  • Divulgação / Blog da Mimis
    Ela planeja agora manter o foco no conteúdo do blog e publicar livros. 'Mas quero que sejam livros leves, que deem prazer de ler; e não relatos científicos. Quero também divulgar mais sobre meu trabalho como artista visual e mostrar que meu desempenho é fruto de um desenvolvimento artístico pessoal', conta.
  • Arquivo Pessoal
    (www.facebook.com/QuimioterapiaEBeleza) Gravidez aos 15 anos, carreira de modelo, sucesso meteórico na moda, divórcio dos pais, mudança para os Estados Unidos, separação traumatizante do marido e até um processo de deportação já seriam emoções suficientes para compor a biografia de uma mulher de 35 anos. No ano passado, entretanto, mais uma reviravolta para Flávia Flores: o diagnóstico de câncer de mama. E de um tipo agressivo.
  • Arquivo Pessoal
    Passado o choque inicial - 'mal conseguia respirar, chorei por dez dias' - e a preocupação com a saúde, Flávia, que é muito vaidosa, direcionou os pensamentos para: 'vou ficar sem meus cabelos!'. Ela começou a pesquisar sobre artifícios de beleza durante a quimioterapia e teve muita dificuldade para encontrar qualquer pessoa que falasse sobre isso. 'Aí, pensei: como vou passar por essa barra sem pelos, sem cor? E tive essa ideia, inicialmente apenas para compartilhar com a minha família e meus amigos', conta.
  • Arquivo Pessoal
    A ideia foi criar uma página no Facebook, que já tem mais de 15 mil seguidores e um milhão de visualizações/mês. 'Não sei como nenhum paciente, ou até mesmo uma celebridade, nunca pensou nisso', brinca a administradora de empresas. Apesar da mensagem positiva, acredite: Flávia também recebe críticas. 'Alguns comentários são assim: você deveria cuidar da sua saúde, vaidade deve ficar em último lugar. Mas, uma vez que obviamente os médicos estão cuidando da minha saúde, eu acho que o segredo do tratamento bem sucedido é a autoestima elevada e uma cabeça bem resolvida. A vaidade pode tornar isso possível. Meus exames estão ótimos - reflexo da minha alegria', explica.
  • Arquivo Pessoal
    Uma percepção de Flávia ajudou a estimular o sucesso da página. 'Percebi como as pessoas normalmente se enclausuram e resolvi ir ao contrário dessa tendência. Muitas mulheres, com menos de 35 anos, são diagnosticadas com câncer e precisam de uma boa referência de como podem ter qualidade de vida durante essa fase', define. 'Meu filho, que tem 20 anos, manifestou serenidade e solidariedade, dormindo na minha cama nos primeiros dias para me confortar. Não se desesperou. Ele falava do ator Reynaldo Gianecchini, que passou por tudo isso, e que depois voltou a interpretar. Vivia me lembrando que o 'câncer não é um bicho de sete cabeças, quando descoberto a tempo'. Esse diálogo faz falta', conta.
  • Arquivo Pessoal
    Diariamente, ela recebe mensagens de pessoas que se identificam com a página. 'Chego a trabalhar 10, 15 horas por dia, e isso sem nenhum patrocínio, fora o da minha família. Fico muito feliz em ajudar, nem que seja um pouquinho. Esse é o projeto da minha vida!', comemora. Flávia diz que se sente uma estrela, uma barbie-careca-guerreira. Ela aconselha a transformar o momento do corte de cabelo e da compra de uma peruca, por exemplo, em um evento, para tirar a carga negativa. 'Fotografe, filme, nada de sentir pena, pois cresce de novo. Não gasto muito tempo pensando se o câncer vai voltar... Estou, sim, muito mais preocupada com as outras mulheres espalhadas pelo mundo, que visitam minha página e lá encontraram inspiração e muita alegria'.
  • Arquivo Pessoal
    Depois do término do tratamento - a quimioterapia deve acabar em março de 2014 e o passo seguinte será a combinação de radioterapia e remédios - Flávia pretende continuar escrevendo para ajudar a desmistificar a doença. 'A proposta da página é diferente de outros sites sobre câncer, que falam sobre prevenção, plantas medicinais, doações de medula e orações. A gente visa o pós-diagnóstico: vaidade e autoestima. Cada caso é um caso, a gente não pode comparar com a doença dos outros; que têm outra idade, outros médicos, outra situação, outro grau de enfermidade', ensina.
  • Arquivo Pessoal
    (www.viverbemateos100.com) Kátia Soares é jornalista, casada, com uma filha. Em agosto de 2011, aos 36 anos, ela encontrou um caroço na mama durante um autoexame. 'Apesar de ser um nódulo pequeno, com pouco mais de 1 cm, a doença estava no estágio III, pois o tumor era muito agressivo. Quase pirei de tanto medo de morrer. Pensei na minha filha, então com três anos, no meu marido... Eu não tinha 'tempo' para o câncer', revela Kátia. O fator surpresa foi ainda maior pela ausência de casos na família.
  • Arquivo Pessoal
    'Pessoas que não têm casos de câncer na família se sentem 'livres' da doença, mas não é bem assim. Também não estava enquadrada em nenhum fator de risco, pois não sou obesa, não sou fumante, sempre me alimentei bem e me exercitei. O câncer veio numa espécie de loteria genética', conta. O tratamento durou 11 meses e incluiu, além da cirurgia de retirada do tumor, 16 sessões de quimioterapia, mais 33 de radioterapia. Hoje, ela ainda faz hormonioterapia e terapia com medicamentos via oral. 'Meu cabelo caiu, mas minha fé, não. Continuei praticando corrida, fiz aula de violão e me diverti muito. Continuei sorrindo, saindo com os amigos, brinquei muito com minha filha. Meu médico chegou a dizer que se impressionava com os poucos efeitos colaterais que tive', orgulha-se.
  • Arquivo Pessoal
    Um pouco diferente da proposta do blog de Flávia Flores, o 'Viver Bem Até os 100' tem foco na prevenção e não pretende informar apenas que teve ou tem a doença. 'A ideia é provocar uma reflexão sobre como as pessoas estão negligenciando a própria saúde. Sempre me alimentei bem, fiz exercícios e me cuidava relativamente. Mas o foco era a estética. Depois de passar pelo câncer eu percebi que tinha que manter o meu corpo saudável. O câncer é uma doença traiçoeira e com ela não se brinca. Então hoje eu vejo a alimentação como uma nutraterapia: uma espécie de quimioterapia, porém de alimentos poderosos com ação anticâncer', conta.
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    Ela indica alimentos fáceis de encontrar, baratos e gostosos. 'Pesquisei muito, comprei vários livros, busco informações fora do Brasil sobre o poder dos alimentos contra o câncer e várias outras doenças. Descobri, por exemplo, que o brócolis, o alho e as frutas vermelhas têm ação anticâncer de mama. Então o que eu faço é priorizar esses e muitos outros alimentos em minha dieta. São dicas como essas que as pessoas vão encontrar no blog', conta Kátia.
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    Depois do tratamento, ela confessa que se tornou radical com a alimentação. Cortou 100% do açúcar e quase toda a carne, alimentos feitos de farinha branca, frituras e álcool. 'Não tomo refrigerantes, nem sucos artificiais. Evito pães brancos, massas e tudo que pode elevar o índice glicêmico - quantidade de açúcar no sangue. Também faço religiosamente meus exercícios físicos, no mínimo 3x por semana. Outra mudança radical foi na maneira como enxergo a vida: não é qualquer problema que me tira do sério. Sou hoje uma pessoa muito mais segura e feliz. Sou uma pessoa bem melhor que antes', reflete.
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    Outra coisa que Kátia descobriu é que nem todas as pessoas mudam o comportamento por causa da doença. 'Tenho várias amigas que fizeram o mesmo tratamento que eu, o mesmo tipo de câncer, mas continuam consumindo álcool, açúcar, gordura - e esses alimentos são como 'óleo no fogo' para as células cancerígenas. Descobri que a maioria delas sequer ouviu falar disso. O blog e a fan page têm essa missão: informar, alertar e provocar uma reflexão', define a jornalista. Ela acrescenta que é muito cuidadosa com as informações. 'Não coloco nenhum dado que não esteja confirmado por alguma pesquisa, algum médico ou algum órgão que seja referência. .
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    Para Kátia, o blog é uma ferramenta onde ela pode 'gritar' sobre tudo que sabe sobre o câncer. 'Quero chamar a atenção para questões que quase ninguém dá ouvidos, por exemplo: o câncer em mulheres jovens. São tantas meninas de 20, 25, 30 anos descobrindo a doença, sendo que a indicação de mamografia só é feita mais tarde. É por questões assim que o câncer de mama é a segunda doença que mais mata no Brasil e que as mulheres descobrem a doença já numa fase avançada', finaliza.
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