Esse título pode ter causado certo estranhamento em você, caro leitor/paciente. Algumas dores, doenças e problemas tem curso natural benigno e acabam melhorando, devido ou apesar do médico envolvido no processo de tratamento.
Assistir esse fenômeno de perto é intrigante e relato aqui um caso recente:
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Ondas de choque funcionam mesmo?Calos e calosidades nos pés e nas mãos: por que ocorrem?Dor no joelho na corrida: já teve ou vai ter!Mesmo tendo conhecimento disso, optei por insistir no tratamento conservador: pedi mais dois meses de paciência. Essa semana, consultei novamente a paciente. A fratura estava consolidada e ela estava sem dor: ela melhorou apesar de mim, risos. O que quero dizer com isso é que ela melhorou sem nenhuma intervenção. Se ela não tivesse me procurado e esperado mais ela teria melhorado do mesmo jeito.
É por isso que repito aqui insistentemente: medicina não é matemática! Medicina é uma arte, é humana, viva e dinâmica.
O que vejo muito por aí são tratamentos realizados por médicos impacientes em pacientes que esquecem que o nome paciente realmente tem correlação com a palavra paciência.
Teria sido correto operar a paciente que atendi aos seis meses de fratura não consolidada? Segundo a matemática da literatura médica sim, mas analisando agora retrospectivamente vemos que esse teria sido um erro.
Por isso nós, médicos, devemos primar sempre pelo princípio hipocrático básico da medicina: "primum non nocere", ou, primeiro não causar mal. Tendo isso em mente, as decisões do mundo real médico se tornam mais cuidadosas e cautelosas e quem sai ganhando é, sem dúvida, os pacientes impacientes.
Dr. Tiago Baumfeld - www.tiagobaumfeld.com.br