Afinal, movimentar piora ou melhora as dores articulares?

Movimentar os membros favorece o deslizamento dos tendões, mantém a trofia da pele, mantém a trofia muscular e gera a sensação de normalidade desejada por todos

Alexas Fotos/Pixabay
(foto: Alexas Fotos/Pixabay)

Eu realmente adoro escrever sobre esse assunto. A influência da atividade física e do movimento articular em si sobre a modulação da dor é um fenômeno incrível e hoje tive a oportunidade de conversar bastante sobre o tema com o Dr. Angelo Vaz, colega ortopedista que está se especializando no tratamento da dor e entende muito do assunto.

O que precisamos de uma vez por todas é entender que a inatividade e a imobilização articular é prejudicial para o organismo em diversos aspectos. A inatividade muda o padrão de neurotransmissão cerebral, favorecendo a perpetuação de vias nociceptivas (relacionadas à dor), enquanto a imobilização local gera efeitos que agravam esse processo. A atrofia muscular, a hipersensibilidade da pele e a rigidez, são os principais fatores a propiciar sensação de desconforto e estranheza aos pacientes, que podem ser autolimitados ou até totalmente incapacitantes.

Do outro lado da moeda, sabemos que a atividade física favorece a liberação de neurotransmissores relacionados ao bem-estar e à analgesia. A endorfina, por exemplo, é liberada em altas quantidades durante e após atividades físicas de moderada a alta intensidade, propiciando uma verdadeira neuromodulação das vias nociceptivas. Não é atoa que esse neurotransmissor é conhecido como um opióide endógeno (substância analgésica produzida pelo próprio corpo).

O movimento articular, por sua vez, traz a sensação de articulação normal ao indivíduo. Afinal, nosso corpo foi feito para se movimentar. Movimentar os membros favorece o deslizamento dos tendões, mantém a trofia da pele, mantém a trofia muscular e gera a sensação de normalidade desejada por todos em suas articulações.

Obviamente que medicina não é uma ciência exata como a matemática e não existem respostas uníssonas para todos os problemas. A imobilização e o repouso são sim recursos terapêuticos para várias doenças e podem ser utilizados em momentos específicos para trazer conforto e bem estar aos pacientes. Em um trauma agudo, por exemplo, a imobilização e o repouso são essenciais para o controle álgico.

Na dúvida de pra onde seguir, procure sempre seu ortopedista de confiança.

Dr. Tiago Baumfeld - tiago.baumfeld@gmail.com