Acredito que vários de vocês, leitores, em algum momento da vida, já tenham passado em algum ortopedista devido a algum trauma, entorse ou até mesmo fratura, e sido imobilizados com algum tipo de tala, faixa, bota ou gesso. Essa prática é milenar e realmente faz sentido: um segmento corporal que sofre com algum tipo de lesão necessita de algum tempo de repouso para que se regenere. Mas será que a quantidade e tempo de imobilização praticados no dia a dia são ideais? Será que um imobilização além do necessário não pode acabar fazendo mais mal que bem aos doentes?
Bom, esse é um tema que realmente vivo na minha prática diária. Por trabalhar com esporte e pela demanda de recuperação rápida dos atletas, os protocolos de recuperação de entorses, luxações e fraturas são ditos como funcionais, que utilizam sim a imobilização, mas que o fazem pelo período mais curto possível (mas seguro, ok?).
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Está aí uma grande angústia do dia a dia. Eu acredito que os protocolos de reabilitação utilizados pelos atletas podem e devem sim ser utilizados para todos. Por que não? Todos querem ter acesso aos melhores tratamentos, todos querem voltar para o trabalho o mais rápido possível.
Ninguém quer ficar imobilizado/incapacitado mais tempo do que deveria. Isso é óbvio. Para nós ortopedistas, a indicação de imobilização deve ser cautelosa, pois só quem passou por um período, mesmo que curto, imobilizado, sabe os transtornos de não poder tomar banho sem molhar alguma parte do corpo, de andar de muletas ou de sentir calor e o peso de algum tipo de imobilização.
Por isso, atuo no meu dia a dia balizando a todo o tempo os riscos e os benefícios de indicar um imobilização. Não sigo nenhuma regra mágica de 6 semanas (como é classicamente indicado nos livros para a maioria das fraturas, quase um mantra ortopédico). Trato de pacientes (e não de fraturas), que tem perfis e desejos diferentes e por isso devem ser tratados de forma distinta, de acordo com suas capacidades e dedicação na recuperação.
Não tiro nunca da minha cabeça que o movimento cura por trazer benefícios inestimáveis para a flexibilidade dos tecidos, sensação de segmento corporal mais normal e neuroestimulação. Um princípio que os fisioterapeutas já tem bem incorporado, mas que nós, ortopedistas, ainda precisemos estudar e incorporar mais em nossas práticas.
Cuidem dos seus pés! São eles que te levam cada vez mais longe!
tiago.baumfeld@gmail.com