Os traumatologistas, grupo no qual me incluo, viveram um apagão de atendimentos durante os últimos meses. Para quem estava acostumado a tratar todas as semanas diversas fraturas diferentes, a pandemia parecia ter extinguido os acidentes de moto, carro, bicicleta, entre outros. Mas esse cenário já mudou.
Com a flexibilização progressiva do isolamento social e com o maior número de pessoas praticando esportes ao ar livre, como bicicleta e corrida, os acidentes retornaram e estão bem graves. O que relato aqui é uma impressão pessoal, mas que é compartilhada por vários colegas ortopedistas com quem tenho conversado. Somente essa semana (até esse momento na terça-feira, 9:30) operei três traumas complexos, 02 oriundos de acidente motociclístico e 01 oriundo de um acidente de bicicleta. Esse é realmente um retorno à “normalidade”, dado a ausência quase completa desses acidentes nos últimos meses.
Esta situação é motivo para reflexão de todos nós. O enclausuramento relativo que vivemos sem dúvida trouxe e está trazendo repercussões psicológicas em todos nós, que em certo grau podem estar influenciando o aparecimento desse traumas graves. A ansiedade por estar de volta ao mundo real deve ser controlada, o mundo ainda está aí para que nós possamos desfrutá-lo, obviamente assim que o mesmo estiver seguro para isso e que as autoridades sanitárias permitam.
Além de acidentes, devemos nos preocupar com possíveis lesões. O número de pessoas que iniciou atividades ao ar livre como a corrida e a bicicleta, inclusive em trilhas, na prática do Mountain Bike e do Trail Running, é visível nas ruas. O fechamento das academias está gerando uma busca mais acelerada por essas atividades. Minha opinião aqui não será relativa a se as pessoas deveriam ou não estar fazendo essas atividades nas ruas, mas é direcionada às pessoas que decidiram fazer essas atividades e precisam de orientações sobre prevenção de lesões.
O início ou o retorno à prática de qualquer atividade requer planejamento. Preparo osteomuscular e cardiovascular requer treinamento. O treinamento excessivo ou muito acelerado pode predispor a acidentes, fraturas por stress, estiramentos musculares, fadiga entre outros problemas. Procurar ajuda especializada é sempre recomendado, com profissionais de educação física, fisioterapeutas esportivos, ortopedistas e médicos do esporte são um grupo de profissionais que podem auxiliar nesse processo.
Vamos ter cuidado, nossa saúde deve vir sempre em primeiro lugar.
Grande abraço!
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