Tema polêmico! E realmente não é todas vez que um homem tem a liberdade de opinar sobre quais calçados mais adequados para as mulheres. Mas aqui, a licença poética para um especialista em pés e a razoabilidade do leitor me permitem a coluna desta semana.
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O tendão de Aquiles fica em posição funcionalmente mais curto, a base de equilíbrio é menor e a pressão sobre o antepé (parte da frente dos pés) aumenta consideravelmente. Aliado a isso, os calçados que associam o salto a uma câmara anterior estreita, ou seja, a um bico fino, realizam uma pressão lateral aos dedos que concentram ainda mais a sobrecarga gerado pelo uso do salto.
Pensando em termos proporcionais, a região central do antepé pode aumentar a quantidade de carga que suporta dependendo do tipo do calçado em mais de 200% no apoio estático. As repercussões disso a curto prazo são vivenciadas nos dia a dia por muitas mulheres: dor, cansaço nos pés, áreas de vermelhidão, lesões na pele ou até mesmo feridas.
Ao longo do tempo, esse somatório de agressões entram em um conta gotas para gerar alterações mais duradouras ou até mesmo permanentes como calosidades, joanete (Hallux Valgus) dedo em martelo, dedo em garra, entre outras deformidades.
Obviamente que essas repercussões não ocorrem em todas mulheres e dependem de vários fatores como uma predisposição individual/genética para seu desenvolvimento e o padrão de uso dos calçados de salto alto, como tempo de uso, tempo de repouso, altura do salto, entre outros. A própria tolerabilidade de uso de saltos muitos altos é muito variável entre as mulheres.
Mas, tudo bem, isso significa que os saltos altos estão proibidos?
Claro que não. Costumo dizer muitas vezes no consultório que quem sou para aconselhar uma mulher a abandonar o tipo de calçado que muitas vezes a faz se sentir melhor, mais bela, confiante ou mesmo que está acostumada a usar por muito tempo. A solução está sempre no meio, devemos ser ponderados.
Para aquelas mulheres que já exibem repercussões do uso do salto nos pés ou mesmo para aquelas que desejam prevenção, o bom senso deve sempre ser um grande aliado. No trabalho, saltos mais baixos devem ser escolhidos, de preferência com uma câmara anterior (parte da frente do calçado) menos estreita. Caso o uso de um salto de bico fino seja imprescindível para uma reunião importante, por exemplo, ele pode ser utilizado naqueles momento e trocado em seguida por um reserva, guardado em bolsa. Em festas, novamente o bom senso. Para aquelas que se permitem descer dos saltos após um certo momento, problema resolvido. Para as que não se permitem, o melhor é atuar com atividades preventivas antes e após o uso desse tipo de calçado.
Alongar as pernas e os pés, trabalhar a mobilidade dos dedos, utilizar gelo e massagens são alternativas para aliviar e atenuar o desconforto gerado pelo uso prolongado de saltos
Cuidem bem dos seus pés!
E se você tem dúvidas ou quer sugerir um tema, envie email para tiago.baumfeld@gmail.com
Grande abraço a todos (da minha casa).