Uma nova pesquisa sugere que a vacina COVID-19 da Pfizer pode proteger contra uma mutação encontrada nas duas variantes mais contagiosas do coronavírus que surgiram na Grã-Bretanha e na África do Sul.
Os resultados são tranquilizadores, embora preliminares, e não surpreenderam os cientistas, que não esperavam que uma única mutação derrotasse as vacinas nas quais o mundo depositou suas esperanças. Mas o estudo marca apenas o início do monitoramento contínuo para garantir que todas as vacinas que estão sendo lançadas em todo o mundo continuem a funcionar enquanto o coronavírus, como todos os vírus, sofre mutações.
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As outras vacinas usadas atualmente no Ocidente, Moderna e AstraZeneca, estão passando por testes semelhantes quanto à capacidade de combater mutações do coronavírus.
Todas as vacinas desenvolvidas até agora estimulam o sistema imunológico dos receptores a produzir anticorpos contra vários pontos na proteína "spike" que reveste a parede externa do vírus. Uma mutação vai mudar um pequeno lugar, mas não vai atrapalhar a ligação a todos eles.
O novo estudo analisou uma modificação na proteína "spike" que ambas as variantes compartilham, chamada N501Y, que é considerada responsável pela transmissão mais fácil. A Pfizer se juntou a pesquisadores da Universidade do Texas para testes de laboratório para ver se essa mutação poderia impedir sua vacina.
Eles usaram amostras de sangue de 20 pessoas que receberam a vacina, feita pela Pfizer e sua parceira alemã BioNTech, durante um grande teste das vacinas. Os anticorpos desses receptores combateram o vírus em placas de laboratório e o resultado é que as variantes do coronavírus parecem não bloquear os anticorpos induzidos pela vacina.
Cientistas britânicos também disseram que a variante encontrada no Reino Unido, que se tornou o tipo dominante em partes da Inglaterra, parece ser suscetível às vacinas.
Mas a variante descoberta pela primeira vez na África do Sul tem uma mutação adicional que deixa os cientistas preocupados, chamada E484K. O estudo da Pfizer descobriu que a vacina parece funcionar contra 15 possíveis mutações de vírus adicionais, mas o E484K não estava entre os testados.
Se o vírus eventualmente sofrer mutação suficiente para que a vacina precise ser ajustada, assim como as vacinas contra a gripe são ajustadas na maioria dos anos, ajustar a receita não seria difícil para vacinas feitas com tecnologias mais recentes.
Ambas as vacinas Pfizer-BioNTech e Moderna são feitas com uma parte do código genético do vírus, simples de trocar.
Mas o coronavírus não está mudando tão rapidamente quanto outros vírus, como a gripe ou o HIV, e sua estrutura é mais estável do que a da gripe, embora isso precise ser rastreado.
O palpite dos pesquisadores é que a vacinação terá uma proteção mais prolongada e será mais eficaz do que contra a gripe.
Dr.Silvio Musman
Médico especialista em pneumologia, medicina do esporte e do sono