Um novo estudo descobriu que o tratamento com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) à noite pode reduzir as frequências cardíacas durante o dia em repouso em pacientes com pré-diabetes que têm apneia obstrutiva do sono, reduzindo o risco de doença cardiovascular.
O estudo, publicado no Journal of the American Heart Association, foi conduzido no Sleep Research Center (Centro de pesquisas do sono) da Universidade de Chicago/EUA e na Universidade de Montreal/Canadá.
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Os resultados do estudo são especialmente oportunos, visto que as pessoas com diabetes ou problemas cardiovasculares estão entre as mais vulneráveis ao COVID-19.
Qualquer maneira de melhorar a saúde cardiovascular é mais importante do que nunca hoje em dia em função da pandemia do coronavirus e o já conhecido maior risco de formas graves nos cardiopatas e diabéticos.
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Este ensaio randomizado controlado estudou pessoas com pré-diabetes, uma condição em que os níveis de açúcar no sangue são mais altos do que o normal, mas não altos o suficiente para serem considerados diabéticos. Aqueles que usaram o tratamento com CPAP por duas semanas tiveram uma queda na frequência cardíaca em repouso de quatro a cinco batimentos por minuto, em comparação com aqueles que receberam placebo (nesse estudo, um CPAP sem ação real). Notavelmente, com o tratamento com CPAP ideal, suas frequências cardíacas eram menores não apenas à noite, mas também durante o dia.
Isso pode parecer pouco mas é significativo, pois uma queda de até mesmo um batimento por minuto na freqüência cardíaca em repouso pode reduzir a taxa de mortalidade e o risco futuro de desenvolver doenças cardiovasculares.
Uma queda de quatro a cinco batimentos por minuto na frequência cardíaca que foi observada é comparável ao que você obteria com exercícios físicos regulares.
A frequência cardíaca em repouso é a chave para a saúde e o bem-estar de uma pessoa. Uma alta freqüência cardíaca em repouso sinaliza aumento do estresse para o coração. É um forte indicador de problemas cardíacos e morte.
Pesquisas anteriores mostraram que, em pessoas de meia-idade, cada aumento de batimento por minuto na freqüência cardíaca em repouso está associado a uma taxa de mortalidade 3% maior.
A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio que faz com que as pessoas parem de respirar repetidamente à noite, diminuindo a oxigenação sanguinea e interrompendo (fragmentando) o sono. É um sério problema de saúde, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão, derrame cerebral e morte súbita durante o sono. Isso deixa as pessoas sonolentas durante o dia e aumenta seus hormônios do estresse elevando sua freqüência cardíaca de repouso durante o dia e noite.
Os médicos usam o CPAP para tratar a apnéia obstrutiva do sono. Ele mantém as vias aéreas de uma pessoa abertas e os níveis de oxigênio estáveis durante a noite, reduzindo assim a frequência cardíaca. A apneia obstrutiva do sono é um diagnóstico que deve ser feito por um médico após um estudo do sono e só então o aparelho de CPAP pode ser prescrito.
Essas descobertas recentes sugerem que as pessoas com pré-diabetes, diabetes ou problemas de sono sejam testadas para apneia do sono como componente no plano de seus cuidados gerais.
Hoje, cerca de 80% dos casos de apneia do sono não são diagnosticados. Estima-se que 50% a 70% das pessoas com pré-diabetes ou diabetes têm apnéia do sono.
A maioria dos pacientes não faz uma conexão sobre como seu sono pode afetar seus corações. Com relação à apneia do sono, os pacientes apenas pensam em como estão sonolentas e fadigadas no dia seguinte.
Na próxima consulta fale sobre seu sono com seu médico.
Tem dúvidas ou sugestões? Mande email para silviomusman@yahoo.com.br
Dr.Silvio Musman
Médico especialista em pneumologia, medicina do esporte e do sono.