O enfisema é uma doença pulmonar debilitante e progressiva, na qual os alvéolos, aumentam, diminuem e acabam sendo destruídos à medida que as células morrem. Pode ser fatal, e atualmente não há cura.
Novas pesquisas no Hospital Infantil de Boston, usando células pulmonares e modelos de enfisema em ratos, oferecem esperança na forma de uma pequena molécula de peptídeo projetada chamada PR1P.
Novas pesquisas no Hospital Infantil de Boston, usando células pulmonares e modelos de enfisema em ratos, oferecem esperança na forma de uma pequena molécula de peptídeo projetada chamada PR1P.
Essa pesquisa descobriu que o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), conhecido por ser essencial para o desenvolvimento de vasos sanguíneos, também ajuda a manter o tecido pulmonar saudável, e que uma alteração do VEGF no enfisema, acelera a morte celular.
O VEGF é encontrado em altos níveis no pulmão normal - mais de 500 vezes os níveis observados no plasma sanguíneo. Os níveis de VEGF tendem a se deteriorar dramaticamente durante a doença pulmonar, mas retornam ao normal durante a recuperação. Não está claro se a desregulação do VEGF é a causa da doença pulmonar ou consequência da patologia pulmonar. Entretanto, no enfisema, a atividade do VEGF está reduzida.
O primeiro pensamento dos cientistas foi tentar administrar o VEGF diretamente como terapia, mas o VEGF tem uma meia-vida muito curta e pode potencialmente produzir efeitos colaterais graves, incluindo pressão arterial baixa, em modelos animais.
Por acaso, através de pesquisas anteriores sobre melanoma, descobriu-se uma proteína chamada prominin-1 ligada diretamente ao VEGF. Usando abordagens de biologia molecular e engenharia genética, criaram o PR1P, um pequeno peptídeo composto pelos mesmos 12 aminoácidos que a proeminina-1 usa para se ligar ao VEGF.
É importante ressaltar que os pesquisadores descobriram ainda que o PR1P reduziu a apoptose (morte celular programada, uma característica fundamental no enfisema) nas culturas celulares e nos ratos vivos. Finalmente, eles mostraram que o PR1P reduziu o dano pulmonar em camundongos com enfisema induzido por toxinas.
Além do enfisema, o PR1P pode ter potencial terapêutico para a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), uma doença comum e devastadora que também não tem cura e também é caracterizada por anormalidades na sinalização do VEGF.
"Agora também estamos vendo efeitos dramáticos de preservação do pulmão e anti-inflamatórios do PR1P inalado em camundongos expostos a várias toxinas diversas que induzem lesão pulmonar nos modelos de SDRA", dizem os pesquisadores.
Em nosso meio, o tabagismo é de longe a principal causa do enfisema pulmonar, que também pode aparecer por exposições inalatórias prolongadas em ambientes ocupacionais nocivos aos pulmões, fogão de lenha, carvoarias e mais raramente por causas genéticas.
Essa é uma notícia animadora pois casos avançados de enfisema evoluem para insuficiência respiratória crônica, dependência de oxigênio suplementar e grande sofrimento ao paciente e familiares.
As opções terapêuticas são relativamente restritas, indo de medicamentos broncodilatadores a cirurgia redutora de volume pulmonar e até mesmo transplante pulmonar.
Se você tem dúvidas sobre a coluna ou quer sugerir temas, mande email para silviomusman@yahoo.com.br
Dr.Silvio Musman
Médico especialista em pneumologia, medicina do exercício e do sono.