Dando sequência ao assunto sobre higiene genital, vamos falar sobre os cuidados nos períodos menstrual e pós menopausal.
A higiene da região genital deve ser feita de maneira gentil, usando água, sabonete especial e os dedos. Não utilize esponjas, buchas ou produtos abrasivos na vulva, pois podem causar ferimentos e irritação na pele. O sabonete deve ser, preferencialmente, líquido, sem cheiro e destinado a uso ginecológico, pois tem pH próximo ao da genitália, não alterando sua flora.
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Os dedos são suficientes para a realização da higiene: tenha especial cuidado com a região dos pequenos lábios e clitóris, onde há maior acúmulo de esmegma. Após limpeza da vulva, realize higiene da região anal, de forma a impedir que haja contato de fezes com a vagina e uretra. Em momentos em que não haja oportunidade de realizar a higiene genital habitual, você pode fazer uso de lenços umedecidos sem perfume.
Não realize limpeza interna, ou seja, dentro da vagina. Ela possui mecanismos próprios de defesa, como pH baixo que impede crescimento de microrganismos nocivos. O uso de duchas, jatos de água e sabonetes alteram o ambiente da vagina, elimina sua proteção natural e pode causar doenças como a vaginose bacteriana e candidíase.
Duchas e uso de produtos dentro da vagina só devem ser realizados sob recomendação médica. Da mesma forma, excesso de higiene genital também pode causar transtornos como ressecamento e traumatismo na região.
- Higiene durante o período menstrual
Meninas e mulheres manejam a menstruação usando diferentes materiais e estratégias de acordo com o contexto de sua vida. De uma forma geral, tente manter a vulva seca, além de remover os coágulos de sangue que se formam. O tempo de troca do absorvente externo dependerá, entre outros fatores, do fluxo menstrual. É comum o fluxo ser maior no segundo e terceiro dias de menstruação, quando o absorvente deve ser trocado mais constantemente, podendo ser a cada hora. Use roupas leves que auxiliem na ventilação da genitália, como vestidos e saias.
O mercado brasileiro dispõe dos seguintes produtos para o período menstrual:
Absorvente externo: são de uso externo ao corpo. São colocados sobre a calcinha para absorverem o fluxo menstrual. Tempo máximo de uso: 8 horas. Uso por tempo longo pode causar irritação na pele. Podem ser usados à noite, para dormir. São vendidos em diferentes tamanhos e materiais. Por seu uso fácil, é uma boa opção para meninas que iniciam o período menstrual.
Roupas absorventes: são calcinhas reutilizáveis fabricadas com tecido apropriado para absorção do fluxo menstrual. Não há consenso sobre quanto tempo podem ser reutilizadas, mas geralmente recomenda-se uso por até 1 ano. Necessita higienização adequada com uso de sabão neutro e secagem em local arejado. Não deve ser usado por mulheres com sangramento menstrual aumentado, doenças de pele ou infecção vaginal.
Tampão vaginal: produzido com material absorvente, como algodão, deve ser inserido dentro do canal vaginal. Tempo máximo de uso: até 8 horas. Recomenda-se uso do tampão alternado com absorventes externos. Tem vários tamanhos e materiais, com ou sem aplicador para auxiliar a inserção. O tampão está inserido de maneira correta, quando não causa incômodo vaginal. Deve ser retirado puxando gentilmente o cordão que o prende, com movimentos circulares. Mulheres e meninas que nunca tiveram relação sexual podem usá-lo. Não danifica o hímen.
Coletor menstrual: é um dispositivo não absorvente em forma de sino que é inserido dentro da vagina para coletar o fluxo menstrual. Ele cria um “selo” e é mantido no lugar pelas paredes vaginais. Necessita ser esvaziado a cada 6-12 horas; após ser lavado, pode ser reinserido. Após cada ciclo, o copo deve ser fervido por 5-10 minutos de acordo com orientações do fabricante. Podem ser usados por 5-10 anos. Mulheres e meninas que nunca tiveram relação sexual podem usá-lo, mas há risco de rompimento do hímen vaginal.
- Cuidados na pós-menopausa
Cerca de 30% das mulheres na pós-menopausa apresentarão perda urinária. A presença de urina na genitália pode causar problemas variados, como irritação, dermatite e infecção fúngica e bacteriana. A atrofia genital, comum nessa fase da vida, pode agravar o quadro, por deixar a pele mais sensível a vulnerável a infecções.
Mulheres com imobilidade, necessidade de uso de fraldas e auxílio de cuidador precisam de atenção maior, com objetivo de evitar o surgimento de úlceras de pressão. Além dos cuidados já descritos, deve-se manter a genitália seca e usar cremes de barreira naquelas que usam fraldas.
Assim como cuidados com os dentes e com o corpo, a higiene genital é importante para saúde e qualidade de vida da mulher em todas as etapas de sua vida. Respeitando as peculiaridades inerentes de cada fase, é possível manter cuidado adequado e saudável durante toda sua vida.
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