Ter gêmeos: dúvidas e anseios sobre gestação gemelar também duplicam

Gestação múltipla demanda atenção especial no pré-natal devido às anomalias fetais e aos riscos de complicações fetais e maternas

Hippopx
(foto: Hippopx)

No dia a dia do consultório tenho deparado com várias pacientes que desejam uma gravidez gemelar. Gêmeos despertam a curiosidade das pessoas e, quando são idênticos, a curiosidade aumenta ainda mais. 

A notícia de uma gestação gemelar nunca é acompanhada de neutralidade e as reações dos pais podem variar de muita alegria até muita preocupação.

Assim como a gravidez, as dúvidas e anseios parecem duplicar. De fato, a gestação múltipla demanda atenção especial no pré-natal devido às anomalias fetais e aos riscos de complicações fetais e maternas. Enquadra-se no grupo das gestações de alto risco

Em linhas gerais e para mais fácil entendimento, os gêmeos podem ser formados a partir da divisão de um mesmo óvulo fecundado e serão idênticos (gêmeos monozigóticos) ou podem derivar de mais de um óvulo fecundado por espermatozoides diferentes e serão diferentes (gêmeos dizigóticos).

A incidência de gestação gemelar é constante no mundo. com uma taxa aproximada de 4 para 1000 nascimentos, é mais frequente em afrodescendentes e aumenta com a idade materna, número de partos anteriores e por técnicas de fertilização assistida. 


Pode-se suspeitar de uma gravidez múltipla quando palpa-se um útero de tamanho maior do que seria o esperado para a idade gestacional,  porém o método diagnóstico de escolha é o ultrassom pela visualização de dois ou mais sacos gestacionais a partir da quinta semana de gravidez e os batimentos cardíacos a partir da sexta ou sétima semanas. O número de placentas e sexos fetais são diagnosticados um pouco mais tarde.

Gêmeos crescem na mesma velocidade dos fetos únicos até por volta de 32 semanas de gestação quando, então, podem apresentar alterações de crescimento intrauterino ou a síndrome de transfusão feto-fetal, complicação essa na qual o sangue de um feto passa para o outro e pode levar ao óbito do feto receptor ou de ambos.  Existe também a possibilidade de um abortamento silencioso, sem cólicas ou sangramento e com desaparecimento de um dos fetos por absorção.  


Do lado materno, as gestações gemelares estão mais relacionadas à anemia, vômitos intensos (hiperemese gravídica), ao descolamento prematuro de placenta e placenta prévia, alterações de pressão (pré-eclâmpsia), partos prematuros, posições fetais anômalas (sentada ou de ombros) e dificuldade para o útero se contrair adequadamente após o parto.  

 

O ultrassom é o método mais preciso para avaliar alterações do crescimento fetal e muitas vezes podem indicar que é hora de  interrupção da gestação adiantando o parto. 


O parto normal é possível e indicado em gestações duplas desde que os fetos não estejam sentados, não sejam muito prematuros e não tenham peso abaixo de 1,5 Kg, respeitadas as condições e indicações obstétricas. Trigemelares são indicação de cesariana. 


Enfim, a paciente com mais de um feto representa um desafio formidável ao Obstetra devido às complicações anteriores e posteriores ao parto. Os avanços tecnológicos na Medicina e a atenção pré-natal individualizada melhoraram consideravelmente os resultados perinatais. O seu médico do pré-natal estará sempre ao seu lado, pode ter certeza!!

 

Boa sorte! 

 

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