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Já ouviu falar em Zipra? Saiba o que é a erisipela e como tratar a doença


A erisipela ou linfangite é um quadro infeccioso que atinge os membros inferiores, podendo em muitos casos ser de repetição, principalmente nos pacientes que já apresentem sequelas de outros quadros vasculares, como inchaços ( linfedema) ou varizes de longa duração.


É popularmente conhecida como zipra, causa desde quadros leves de fácil tratamento até formas mais graves, conhecidas como erisipela bolhosa.

A infecção se propaga através dos vasos linfáticos dos membros inferiores. Curiosamente, o primeiro registro da erisipela data de aproximadamente cinco mil anos, na Mesopotâmia, sendo chamada durante a Idade Média de “fogo de Santo Antônio”.

A bactéria causadora da erisipela se chama na maior parte das vezes estreptococo beta-hemolítico e a porta de entrada para a infecção é uma ferida entre os dedos dos pés (popularmente chamada de ''frieira'' ou micose interdigital). Outras feridas e traumatismos nas pernas e até picadas de inseto também podem ser a porta de entrada para a infecção.

É uma doença que acomete preferencialmente indivíduos adultos, com pico de incidência entre 40 e 70 anos de idade. Muitas doenças sistêmicas estão relacionadas com maior incidência de erisipela, sendo portanto consideradas fatores predisponentes, como o alcoolismodiabetes, obesidade, insuficiência cardíaca e doenças que causem imunossupressão.


Os sintomas e sinais gerais costumam preceder as alterações que surgem na pele em 24 a 48 horas. Febre alta, calafrios, mal-estar e dores musculares constituem as principais alterações sistêmicas. Um a dois dias após, aparece uma área vermelha na perna, com sensação de queimação, calor e dor no local.

Quando a doença se torna evidente, aparece no local uma placa avermelhada elevada e bem delimitada e também inchaço na perna. Nos casos mais graves, a evolução cursa com o aparecimento de bolhas e feridas extensas no local, demandando até o tratamento hospitalar.

De princípio, a maioria dos casos de erisipela pode ser tratada em casa, sem necessidade de internação. O médico deve avaliar criteriosamente cada paciente, a fim de se decidir pela melhor conduta.



As medidas gerais envolvem o repouso com a elevação do membro comprometido, a hidratação adequada (ingerir bastante líquido), o controle da dor e da febre com analgésicos e anti-térmicos (dipirona e paracetamol) e também uso de anti-inflamatórios em alguns casos, sempre com prescrição e orientação do médico responsável.

É importante atentarmos também para os cuidados locais, em que podemos usar compressas de soro fisiológico à temperatura ambiente ou levemente geladas. É comum também o uso de cremes ou pomadas com antibióticos ou corticóides no local.

As lesões preexistentes que funcionam como porta de entrada (fungos ou frieiras interdigitais) devem ser tratadas com anti-fúngicos (cetoconazol) e o enxugamento adequado entre os dedos após o banho (pode-se usar um secador com baixa temperatura na região entre os dedos dos pés).



Com relação ao uso de antibióticos, a penicilina é ainda a primeira opção de tratamento ( Benzetacil; Amoxicilina), devendo ser prescrita por um período de cerca de 10 dias. 

A recorrência do surto infeccioso pode acontecer em até 10% dos pacientes em 6 meses e em 30% em 3 anos. O risco de recorrência é maior na presença de fatores predisponentes locais, como linfedemas (inchaços), insuficiência venosa crônica (varizes e úlceras varicosas) e sequelas de tromboses venosas.

O tratamento adequado da lesão considerada como porta de entrada (micoses, úlceras ou traumatismos) também é de importância fundamental na prevenção. O uso de Benzetacil pode ser indicado nos quadros mais graves para se evitar a recorrência, em um intervalo de 21/21 dias por 6 meses a 1 ano.

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