O Ministério da Saúde, em uma decisão acertada, resolveu antecipar a campanha de vacinação contra a gripe este ano. O ideal é que a vacina seja oferecida à população antes do início da época de maior propagação da doença para que haja tempo suficiente para a vacina nos proteger, antes de sermos contaminados pelo vírus.
O tempo necessário para que a proteção ocorra é de 2 a 3 semanas, após a data da vacinação. Além de antecipar a campanha, a vacina será oferecida para todas as pessoas com mais de 55 anos, além das crianças, gestantes, puérperas, portadores de doenças crônicas, povos indígenas e trabalhadores da saúde.
O tempo necessário para que a proteção ocorra é de 2 a 3 semanas, após a data da vacinação. Além de antecipar a campanha, a vacina será oferecida para todas as pessoas com mais de 55 anos, além das crianças, gestantes, puérperas, portadores de doenças crônicas, povos indígenas e trabalhadores da saúde.
A maior parte dos casos de gripe no Brasil acontecem no fim do outono e durante o inverno, mas como vivemos em um país de dimensões continentais, com regiões onde há grande diferença climática numa mesma época do ano, ocorrem casos de gripe por aqui o ano inteiro.
A gripe é uma doença infecciosa aguda causada pelo vírus Influenza. Atualmente existem 2 tipos de Influenza e vários subtipos. O vírus Influenza A, por exemplo, tem um subtipo famoso, o H1N1, ou o vírus da gripe suína. Todo ano, os subtipos de Influenza que mais circulam e causam a gripe mudam e, por isso, a vacina também precisa mudar.
Anualmente, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda contra quais vírus a vacina deve ser desenvolvida no ano em questão no Brasil. Essa orientação é feita através da análise dos vírus que circularam na última temporada fria no hemisfério norte. A partir dessa orientação as vacinas são elaboradas e distribuídas por aqui.
Existem dois tipos de vacina contra a gripe. A vacina trivalente é composta por 3 subtipos do vírus influenza (2 subtipos A e 1 subtipo B) e a tetra ou quadrivalente é composta por 2 subtipos A e 2 subtipos B. A vacina oferecida pelo Ministério da Saúde é a trivalente, que nos protege contra os vírus causadores da grande maioria dos casos de gripe.
Gripe não é resfriado. Os resfriados são doenças mais leves e causam bem menos complicações. A gripe causa febre alta, dores musculares, forte indisposição, além do quadro respiratório. Ela pode evoluir para formas graves quando atinge o trato respiratório baixo (brônquios e pulmões) e quando acontecem as infecções bacterianas secundárias. A mais temida complicação da Gripe é a SRAG (síndrome respiratória aguda grave), causadora da grande maioria das mortes.
Em 2019, foram 1019 mortes notificadas por SRAG relacionada ao vírus Influenza no Brasil. O vírus mais letal foi o H1N1. A maioria das pessoas que morreram tinham mais de 60 anos (55%) e outra boa parte era portadora de doença do coração ou diabetes. A maioria dessas mortes notificadas aconteceram nos estados do sul e do sudeste do país e é possível que muitas outras mortes não tenham sido notificadas pelo Brasil afora.
Essa grande concentração de casos graves e mortes nos maiores de 60 anos e nos portadores de doenças crônicas se deve a dois fatores principais. O primeiro é o sistema imunológico que perde sua eficácia com a idade e na presença de outras doenças. O outro fator é que, quando uma pessoa desenvolve uma gripe, pode haver descompensação de suas outras doenças de base e, em geral, os idosos já tem alguma doença crônica.
Um fato que me preocupa muito a respeito desse tema é como a desinformação atingiu tanta gente! Infelizmente, não há uma semana que eu não ouça de algum paciente ou familiar informações erradas sobre a vacina contra influenza. Por isso, vou aproveitar esse espaço para replicar algumas dessas falas:
“ Eu nunca gripava, foi só tomar a vacina que gripei.” A vacina não causa gripe. Ela é composta por vírus inativo. O que pode ter acontecido é que você desenvolveu infecção por outro vírus, e não pelo Influenza, um resfriado por exemplo. Outra possibilidade é você ter tido contato com o Influenza e ter desenvolvido uma gripe antes do tempo necessário para a vacina te proteger. É importante se vacinar logo no início da campanha para que sua proteção chegue antes do vírus.
“Meu vizinho tomou a vacina e morreu.” Acredito que se vizinho tenha morrido por um outro motivo. A chance da vacina causar complicações graves é mínima. Já a gripe, essa mata muita gente.
“Você me garante que se eu tomar a vacina não vou gripar?” Eu não garanto. Como eu disse acima, a vacina é composta por alguns tipos de Influenza e não por todos. Ela é composta pelos “maiores vilões da temporada”, mas ainda assim é possível termos contato com um vírus Influenza que não tenha sido contemplado naquele ano.
O que eu garanto é que tomando a vacina você diminui em 90% sua chance de desenvolver uma gripe, reduz a gravidade de uma infecção por Influenza, caso a tenha, e você praticamente elimina seu risco de morrer em decorrência da infecção pelo Influenza.
Contra o coronavírus não temos vacina, mas contra o vírus Influenza, nós temos.
E então? Preparado para se proteger? A campanha nacional começa no final de março, corre lá!
Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim julianacicluz@gmail.com