A maior pandemia do ultimo século trouxe muitas mudanças na forma como vivemos, afetando assim a nossa saúde, mesmo não sendo contaminados pelo vírus.
Saúde é muito mais do que ausência de doença. É um estado de completo bem-estar físico, mental e social.
O equilíbrio entre estas partes é fundamental, mas foi quebrado neste último ano com o isolamento social.
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Felizmente, o risco de a mulher morrer é duas vezes menor que o do homem. O sexo biológico tem influência importante sobre o sistema imunológico, seja através do cromossoma x, seja em relação ao hormônio estrogênio que a mulher produz.
Este mesmo estrogênio que protege é responsável por alterações hormonais que provocam as tensões pré-menstruais (TPMs), muito conhecidas das mulheres e dos homens.
Junta-se a isto o aumento do estresse, da depressão e da ansiedade com as mulheres ainda mais sobrecarregadas com suas atividades domésticas e cuidados com outros membros da família.
A SOF (Sempreviva Organização Feminista) realizou uma pesquisa com mais de 2.600 mulheres brasileiras que mostrou que 50% delas passaram a cuidar de uma criança ou de um idoso na pandemia.
Atividade esta, na sua maioria, não remunerada em um cenário com cortes de salários, desemprego e aumento de custos do lar.
Tudo isto provoca uma compulsão alimentar que, juntamente com a dificuldade de se exercitar, faz com que muitas mulheres ganhem peso e, como uma bola de neve, piora o desequilíbrio hormonal, mental e sabidamente é um fator de risco para COVID-19.
A violência contra a mulher aumentou muito neste período, realidade triste neste Brasil, mas felizmente começou a ser melhor combatida através de iniciativas governamentais.
Por outro lado, o isolamento trouxe mais oportunidades a estas mulheres. Com a pandemia, o home office que era uma realidade para poucas, aproximou famílias, abriu novos mercados de trabalho, permitiu atendimentos médicos e psicológicos, até mesmo realização de cursos e diversão através da internet.
O tempo que era perdido com deslocamentos ao trabalho e atividades escolares pôde ser transformado em mais produtivo.
Neste último ano percebi também alguns parceiros mais presentes e participantes. Gestantes não apresentaram, como de costume, aumento de risco na gestação decorrente do isolamento, apresentando-se menos cansadas e mais tranquilas com menos atividade social, apesar de serem grupo de risco. Não seria este um bom momento para realizar a maternidade?
O mesmo não posso dizer das usuárias do SUS que, com o fechamento (lockdown), acabaram não conseguindo medicamentos contraceptivos, consultas de rotina e acesso ao diagnóstico e tratamento do câncer ginecológico. As repercussões só serão conhecidas no futuro.
A mulher é resistente, tem uma capacidade maravilhosa de se adaptar (resiliência) e superar estas adversidades. Importante estimular o autoconhecimento (meditação) e o foco no momento presente, procurando esquecer o passado e sem se preocupar demais com o futuro (mindfulness).
Além disto, é preciso manter o controle ginecológico anual em dia com todos os cuidados de proteção contra o COVID -19 exigidos pela ANVISA e aproveitar este momento para discutir com seu médico todos estes aspectos abordados de forma preventiva ou terapêutica.
Tem dúvidas ou sugestão de temas? Envie email para gustavo_safe@yahoo.com