Recentemente, no Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado no Rio de Janeiro no mês de outubro, juntamente com o Congresso Mundial de Cardiologia, nos foi apresentada uma nova droga injetável, chamada inclisiran (leqvio, nome comercial), que reduz de maneira significativa o colesterol LDL, chamado de colesterol ruim. Essa droga já está aprovada nos EUA e está passando por avaliação da ANVISA aqui no Brasil. Curiosamente é tomada apenas duas vezes ao ano.
É a primeira droga de uma nova classe medicamentosa que usa interferência de RNA (RNAi) para aumentar a capacidade do fígado de remover o colesterol ruim (LDL) do sangue. Sabemos que o LDL colesterol elevado obstrui as artérias e forma trombos, que ocasionam os infartos e derrames, as principais causas de morte cardiovascular no mundo.
Com apenas duas doses ao ano o medicamento leva a uma redução das taxas de LDL Colesterol com excelentes resultados. Os estudos clínicos já demonstraram que reduz mortalidade e reduz também infartos e derrames.
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O inclisiran pode ser usado como complemento às estatinas (drogas que reduzem o colesterol ). O estudo clínico mostrou que o inclisiran reduz em até 52% o colesterol ruim (LDL) de forma eficaz e sustentada, mesmo em pacientes que já utilizam a dose máxima de estatina e que, mesmo assim, não conseguem controlar o colesterol.
A ação do inclisiran é diferente de outras terapias. Impede a produção da proteína-alvo, no fígado, aumentando a captação hepática de LDL Colesterol e eliminando-a da corrente sanguínea. Nos estudos de fase 3 (última etapa da pesquisa antes da obtenção do registro, e que tem a finalidade de demonstrar a eficácia da medicação), o inclisiran foi bem tolerado.
Com poucos efeitos colaterais, sendo que os eventos adversos mais comuns foram reação no local da injeção, dor nas articulações, diarreia e falta de ar. Nenhum evento adverso foi grave.
Estamos aguardando com grande expectativa a chegada dessa nova medicação, provavelmente para o primeiro semestre de 2023. Grande expectativa também para saber o preço. A verdade é que temos uma nova droga, que traz esperança para muitos pacientes com doença cardiovascular que nem com arsenal terapêutico atual conseguimos colocar o paciente na sua meta de colesterol, para redução do seu risco cardiovascular.