Foi publicado essa semana, no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia em Barcelona, esse estudo muito interessante que mostra o uso de três medicamentos diferentes como estratégia para redução da mortalidade cardiovascular e nas complicações após a ocorrência de infarto agudo do miocárdio.

O estudo propõe que uma polipílula, incluindo os medicamentos importantes, associa-se a melhores desfechos clínicos cardiovasculares. Foram utilizados a aspirina, um IECA (ramipril), medicamento para tratamento da hipertensão e, o terceiro, uma estatina.

Nesse estudo clínico, que incluiu pacientes com história prévia de infarto agudo do miocárdio nos últimos seis meses, idade maior que 65 anos e pelo menos um outro fator de risco (que seja, diabetes, insuficiência renal ou passado de cirurgia de ponte de safena).

Foram utilizados 113 centros de sete países europeus. Os autores avaliaram a eficácia e a segurança da estratégia de uso da polipílula na comparação ao tratamento usual padrão.

A polipílula consistiu em aspirina (100mg), ramipril (2,5 ou 5,0 mg) e atorvastatina (20 ou 40 mg). O objetivo principal do estudo foi composto de morte cardiovascular, infarto agudo do miocárdio, derrame cerebral ou cirurgia de ponte de safena urgente.

Foram alocados 2.499 pacientes com média de idade de 76 anos, sendo 31% mulheres, 77,9% hipertensos e 57,4% diabéticos. Foi feito um acompanhamento médio de 36 meses, sendo que um evento ocorreu em 118 dos 1.237 pacientes (9,5%) do grupo polipílula e em 156 dos 1.299 (12,7%) pacientes do grupo tratamento padrão.

Os resultados foram consistentes nos subgrupos previamente especificados e a adesão ao tratamento, relatada pelos pacientes, foi maior no grupo polipílula que, no tratamento padrão, aos seis meses e aos 24 meses. Eventos adversos foram iguais nos dois grupos. Esse estudo mostrou uma importante redução em 33% na mortalidade após um infarto agudo do miocárdio.

Os autores concluíram que a estratégia da polipílula, após seis meses do infarto agudo do miocárdio, resulta em significativa redução na ocorrência dos principais eventos cardiovasculares em comparação ao tratamento usual padrão.

Muito importante esse estudo, que veio corroborar a importância dessas três magníficas drogas para o tratamento das doenças cardiovasculares.

Referência: Castellano JM et al.Polypill Strategy in secondary Cardiovascular Prevention. NEJM.2022 DOI:10.1056 /NEJM.