Saúde Plena

CARDIOLOGIA

As estatinas realmente trazem benefícios em tratar rigidez arterial?


É de conhecimento de todos nós que a hipertensão arterial de pacientes acima de 65 anos está presente em 75% dessa população de idosos. A rigidez arterial ocorre em decorrência do espessamento da parede do vaso sanguíneo, causado pela disfunção da camada mais íntima do vaso (disfunção endotelial), com substituição das fibras de elastina pelo colágeno que, junto com o cálcio, ocasiona o endurecimento dos vasos sanguíneos e eleva a pressão arterial nas pessoas acima de 65 anos.


Por outro lado, a hipertensão arterial é o principal fator de risco para o aparecimento da rigidez arterial. O padrão ouro para a medida da rigidez arterial é a velocidade de onda de pulso, que está aumentada nesses casos.

Alguns autores publicaram, recentemente, um estudo no qual examinaram a associação entre o uso das estatinas e a progressão da rigidez arterial, medida pela velocidade de onda de pulso tornozelo-braquial, análise essa que é realizada no consultório.

O estudo foi realizado em indivíduos de alto risco cardiovascular. Foi um estudo chinês retrospectivo, entre 2010 e 2020. Foram considerados usuários de estatinas aqueles com pelo menos seis meses de medicação, antes da medida da velocidade da onda de pulso, que foram pareados 1:1 com os não usuários de estatina. A progressão da velocidade da onda de pulso foi avaliada usando a diferença absoluta entre o período basal e a duração do seguimento.


Na análise dos 5.105 pacientes com velocidade de onda de pulso avaliada, a média de idade era de 61 anos. Comparados aos não usuários de estatinas, os usuários de estatinas associaram-se com significativa redução de velocidade de onda de pulso, no período basal (-33,6 cm/s).

Entre os 1.502 pacientes adultos que repetiram a medida da velocidade da onda de pulso, 410 usuários de estatinas foram pareados a 410 não usuários de estatinas (com média de idade de 63 anos). Comparados aos não usuários de estatinas, os usuários associaram-se com significativa menor progressão da velocidade da onda de pulso, no seguimento médio de 4,8 anos.

Os autores concluíram que o uso de estatinas associou-se com uma progressão mais lenta da rigidez arterial em adultos chineses de alto risco aterosclerótico.

Até o momento, nenhuma droga foi testada no sentido de reduzir a rigidez arterial, mas sabemos que, controlando adequadamente a pressão arterial para níveis, de acordo com as diretrizes atuais, conseguimos reduzir a rigidez arterial. Então, pacientes hipertensos acima de 60 anos bem controlados tem uma chance menor de evoluir desfavoravelmente para rigidez arterial e suas implicações.

Referência:
Zhou YF et al. Association Between Statin Use and Progression of Arterial Stiffness Among Adults With High Atheroscletoric Risk. JAMA Netw Open.2022; DOI:10.1001/jamanetworkopen.2022.18323.