As vacinas para prevenir a infecção por SARS-CoV-2 são consideradas a abordagem mais segura e efetiva para o controle da pandemia. Apesar de terem sido constituídas em um tempo exíguo, cada vacina passou por testes de todas as fases pré-clínicas — e clínicas — de pesquisa científica (fases de I a III). Os critérios de segurança utilizados nessas etapas permanecem ativos e atuantes na chamada "fase IV" — o monitoramento após comercialização. Essa fase é fundamental para avaliar a ocorrência de eventos adversos que tenham relação causal com as vacinas.
Eventos adversos foram observados durante a fase de monitoramento dos programas de imunização contra COVID-19. Alguns desses, relacionados ao aparelho cardiocirculatório. Dentre esses efeitos, dois merecem destaque: a trombose com trombocitopenia (redução do número de plaquetas, células sanguíneas relacionadas à coagulação) e a miocardite (inflamação do músculo cardíaco).
A trombose induzida por vacina foi descrita em fevereiro de 2021. Duas vacinas que utilizam vetores de adenovírus foram implicadas em causar essa trombose:.A primeira foi a de Oxford (AstraZeneca), seguida pela vacina da Janssen. A incidência é rara. Foram identificados, em janeiro de 2022, nos Estados Unidos, 54 casos de trombose entre mais de 14 milhões que receberam a vacina da Janssen, com uma incidência de 3,8 pessoas por 1 milhão.
A trombose da veia cerebral é uma das formas mais comuns de acometimento relatadas. A incidência de trombose chega a 8% de todos os pacientes hospitalizados com COVID-19, e até em 23% nos indivíduos internados em unidades de terapia intensiva. Ainda há evidencias de que a incidência de trombose da veia cerebral em pacientes hospitalizados com COVID-19, foi de 207 por 1 milhão de casos. O número é muito superior à incidência de casos induzidos por vacina que foi de 0,9 a 3,8 por 1 milhão.
Uma história prévia de trombose venosa ou uma predisposição para trombose não são uma contraindicação à vacinação com qualquer tipo de injeção. As evidencias disponíveis não apoiam nenhuma avaliação clínica, laboratorial ou exame de imagem em indivíduos assintomáticos antes ou após a vacinação.
Quanto à miocardite induzida por vacina, em julho de 2021, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, relatou possível associação entre as vacinas de RNAm, para SARS-CoV-2, e casos de miocardite e pericardite .A vacina que utiliza essa tecnologia do RNAm, foi associada com esses quadros sendo no Brasil, a vacina da Pfizer, que dispõe dessa tecnologia. Inicialmente, foi estimada uma taxa de 32,4 casos por 1 milhão de doses aplicadas. Curiosamente, a incidência diminuia significativamente com o aumento da idade e era marcadamente mais baixa em mulheres de todas as idades.
Após relatos iniciais de miocardite no grupo etário de 12 a 17 anos, houve maior atenção e vigilância para esse efeito colateral. As taxas, em várias análises, foram na faixa dos 16 aos 29 anos. A maioria dos casos de miocardite foi classificada como leve ou moderado. Os casos mais graves apresentavam recuperação em torno de 90 dias. O risco de miocardite entre adolescentes do sexo masculino foi de 0,56 casos por 100.000 após a primeira dose — e de 8,09 casos por 100 mil após a segunda dose. Entre as mulheres da mesma idade, não foram registrados casos por 100 mil após a primeira dose, e 0,69 diagnósticos por 100 mil após a segunda injeção.
Mais recentemente, em uma análise de casos de miocardite nos Estados Unidos, ficou demonstrado que o risco de miocardite após vacinas de RNAm foi maior após a segunda dose — entre adolescentes e jovens homens.
O prognóstico da miocardite relacionada à vacina é muito favorável: na maioria dos casos é autolimitada, com resolução dos sintomas e normalização dos exames laboratoriais e eletrocardiograma e ecocardiograma ao longo do seguimento. As complicações graves com risco de vida são extremamente raras.
É importante lembrar que a taxa de miocardite induzida por vacinas em todos levantamentos populacionais é bem menor que a taxa de miocardite associada à COVID-19, que está em torno de 450 casos por 1milhão. Os indivíduos infectados pelo Sars-Cov-2, têm risco aumentado para outras condições cardiovasculares, e não só aquelas descritas como eventos adversos da vacinação (trombose e miocardite).
Concluindo: as vacinas contra COVID-19, são seguras e seus benefícios superam em larga escala os riscos de efeitos adversos relacionados.
Referência: Moreira HG, Oliveira Júnior MT, Valdigem BP, Martins CN, Polanczyk, CA. Posicionamento Sobre Segurança Cardiovascular das Vacinas contra Covid-19. 2022.Arq Bras Cardiol.2022; 118(4):789-796
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A trombose induzida por vacina foi descrita em fevereiro de 2021. Duas vacinas que utilizam vetores de adenovírus foram implicadas em causar essa trombose:.A primeira foi a de Oxford (AstraZeneca), seguida pela vacina da Janssen. A incidência é rara. Foram identificados, em janeiro de 2022, nos Estados Unidos, 54 casos de trombose entre mais de 14 milhões que receberam a vacina da Janssen, com uma incidência de 3,8 pessoas por 1 milhão.
A trombose da veia cerebral é uma das formas mais comuns de acometimento relatadas. A incidência de trombose chega a 8% de todos os pacientes hospitalizados com COVID-19, e até em 23% nos indivíduos internados em unidades de terapia intensiva. Ainda há evidencias de que a incidência de trombose da veia cerebral em pacientes hospitalizados com COVID-19, foi de 207 por 1 milhão de casos. O número é muito superior à incidência de casos induzidos por vacina que foi de 0,9 a 3,8 por 1 milhão.
Uma história prévia de trombose venosa ou uma predisposição para trombose não são uma contraindicação à vacinação com qualquer tipo de injeção. As evidencias disponíveis não apoiam nenhuma avaliação clínica, laboratorial ou exame de imagem em indivíduos assintomáticos antes ou após a vacinação.
Quanto à miocardite induzida por vacina, em julho de 2021, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, relatou possível associação entre as vacinas de RNAm, para SARS-CoV-2, e casos de miocardite e pericardite .A vacina que utiliza essa tecnologia do RNAm, foi associada com esses quadros sendo no Brasil, a vacina da Pfizer, que dispõe dessa tecnologia. Inicialmente, foi estimada uma taxa de 32,4 casos por 1 milhão de doses aplicadas. Curiosamente, a incidência diminuia significativamente com o aumento da idade e era marcadamente mais baixa em mulheres de todas as idades.
Após relatos iniciais de miocardite no grupo etário de 12 a 17 anos, houve maior atenção e vigilância para esse efeito colateral. As taxas, em várias análises, foram na faixa dos 16 aos 29 anos. A maioria dos casos de miocardite foi classificada como leve ou moderado. Os casos mais graves apresentavam recuperação em torno de 90 dias. O risco de miocardite entre adolescentes do sexo masculino foi de 0,56 casos por 100.000 após a primeira dose — e de 8,09 casos por 100 mil após a segunda dose. Entre as mulheres da mesma idade, não foram registrados casos por 100 mil após a primeira dose, e 0,69 diagnósticos por 100 mil após a segunda injeção.
Mais recentemente, em uma análise de casos de miocardite nos Estados Unidos, ficou demonstrado que o risco de miocardite após vacinas de RNAm foi maior após a segunda dose — entre adolescentes e jovens homens.
O prognóstico da miocardite relacionada à vacina é muito favorável: na maioria dos casos é autolimitada, com resolução dos sintomas e normalização dos exames laboratoriais e eletrocardiograma e ecocardiograma ao longo do seguimento. As complicações graves com risco de vida são extremamente raras.
É importante lembrar que a taxa de miocardite induzida por vacinas em todos levantamentos populacionais é bem menor que a taxa de miocardite associada à COVID-19, que está em torno de 450 casos por 1milhão. Os indivíduos infectados pelo Sars-Cov-2, têm risco aumentado para outras condições cardiovasculares, e não só aquelas descritas como eventos adversos da vacinação (trombose e miocardite).
Concluindo: as vacinas contra COVID-19, são seguras e seus benefícios superam em larga escala os riscos de efeitos adversos relacionados.
Referência: Moreira HG, Oliveira Júnior MT, Valdigem BP, Martins CN, Polanczyk, CA. Posicionamento Sobre Segurança Cardiovascular das Vacinas contra Covid-19. 2022.Arq Bras Cardiol.2022; 118(4):789-796