O uso de cigarros eletrônicos é considerado uma alternativa segura para se parar de fumar, mas estudos em modelos animais demonstraram lesão do endotélio (camada mais intima da artéria em contato com o sangue), rigidez na aorta, ativação e agregação plaquetária
(células responsáveis pela coagulação do sangue) fazendo com que aumente o risco de coágulos dentro dos vasos sanguíneos, sendo esses os mesmos efeitos observados com o tabagismo.
De acordo com os dados de um órgão afiliado ao CDC (Centers for Disease Control and Prevention) dos EUA em 2016, 11,3% dos estudantes do ensino médio e 3,2% dos adultos nos Estados Unidos usaram o cigarro eletrônico nos últimos 30 dias da pesquisa, o que demonstrou um
aumento de 900% no consumo de cigarro eletrônico, entre 2011 e 2015.
Os autores compararam os 66.795 participantes que assumiram o uso de cigarro eletrônico a um grupo controle, com 343.856 indivíduos, que relataram nunca ter utilizado cigarro eletrônico.
A análise mostrou que 21% do total dos participantes já havia utilizado cigarro eletrônico, sendo 48,5% mulheres. Os usuários de cigarro eletrônico apresentaram menor média de idade, menor média de índice de massa corporal e menor frequência de diabetes. Entretanto, uma maior frequência de tabagismo.
Após ajustes para idade, sexo, tabagismo, diabetes e índice de massa corporal, os usuários de cigarro eletrônico apresentaram maior risco para derrame cerebral, para infarto do miocárdio e para angina, na comparação aos não usuários de cigarro eletrônico.
Os autores alertam para a necessidade de se reforçar políticas de controle sobre os cigarros eletrônicos, especialmente entre os jovens, e ressaltam que essa é a primeira evidência de que o uso de cigarros eletrônicos está associado com aumento no risco de doença cardiovascular.
Curiosamente na minha viagem de fim de ano recente fui para praia e fiquei assustado ao ver tantos adolescentes usando o cigarro eletrônico, mais estarrecido ainda com a venda pelos ambulantes, oferecendo a quem quisesse consumir, independente da idade. Fica bem estabelecido
que a OMS considera o tabagismo como uma doença pediátrica.
Referência: Ndunda PM et al. E-Cigarette Use linked With Increased Risk of Cardiovascular Disease and Stroke. 2019 International Stroke Conference, Honolulu, Hawaii.