Nas últimas décadas o estigma de que as doenças cardiovasculares eram próprias do homem ,está se modificando muito rapidamente. Com a mudança no estilo de vida em decorrência da busca ao trabalho, a lida nos afazeres domésticos e associados aos cuidados com os filhos transformaram as mulheres em alvo fácil para as doenças cardiovasculares. Não podemos deixar de relatar que a manifestação do infarto nas mulheres, aparece com sintomas muito diferentes dos que se apresentam nos homens ,sendo que nas mulheres às vezes o infarto cursa sem dor no peito, muito comum nos homens.
Nas mulheres, a apresentação do infarto se manifesta como uma dor nas costas, uma falta de ar, uma má digestão ou mesmo dor na mandíbula, isso faz com que negligenciem esses sintomas, atrasando a procura por um atendimento médico adequado, correndo risco de morrerem subitamente.
Muitas das vezes o estudo das coronárias nas mulheres com infarto agudo ,demonstra coronárias normais (MINOCA),motivo pelo qual devemos aprofundar na pesquisa da causa do infarto ,pois as vezes o cateterismo não consegue ver as artérias mais finas responsáveis pelo evento coronário e temos a idéia de que não existe nada de grave.
A abordagem com o ultrassom intracoronário (IVUS) ou com a tomografia de coerência óptica (OCT), na maioria das vezes consegue achar lesão de pequenos vasos ,ou mesmo lesões que passam despercebidos pelo cateterismo. Atualmente, as doenças cardiovasculares em mulheres já ultrapassam as estatísticas de todos os tipos de canceres, sendo hoje a doença cardiovascular a primeira causa de morte em todo o mundo, correspondendo a um terço das mortes, sendo 8,5 milhões de mortes/ano.
No Brasil, as doenças cardíacas chegam a representar 30% das causas de morte nas mulheres acima de 40 anos, sendo essa taxa a maior de toda a América Latina. O infarto do miocárdio hoje mata 3 vezes mais do que o câncer de mama.
Um dado interessante é que as mulheres morrem mais de infarto do que os homens. Estudo recente nos Estados Unidos mostrou uma mortalidade de 10,4% para os homens e uma mortalidade de 15% para as mulheres .
Importante ressaltar que a mulher apresenta fatores de risco específicos do sexo. Complicações na gestação ,como a pré-eclâmpsia , eclampsia(doença hipertensiva específica da gravidez), e
diabetes mellitus gestacional
, assim como a
menopausa
precoce, a menopausa e os transtornos depressivos nessa faixa de idade são fatores de risco associados a doença cardiovascular .
Não deixamos também de lembrar das doenças reumatológicas que também se tornam fatores de risco para as mulheres desenvolverem doença cardíaca.
É necessário conscientizar as mulheres, pois sabemos que a redução nos principais fatores de risco associados , como a hipertensão arterial , diabetes , tabagismo, obesidade ,sedentarismo, hábitos alimentares inadequados ,stress ,conseguiremos prevenir até em 80% as mortes prematuras de causa cardiovascular.
Devemos implementar ações de prevenção primária e conscientizar a população sobre os sinais e sintomas dessas doenças nas mulheres.
Em decorrência disso um projeto de lei foi aprovado e fica considerado o dia 14 de maio como o Dia Nacional da Conscientização das Doenças Cardiovasculares na Mulher.