Já é do conhecimento de todos nós a relação da hipertensão arterial e o consumo excessivo de sal. O sal é reconhecidamente um dos principais fatores de risco para a hipertensão arterial e associa-se a eventos cardiovasculares e renais.
O limite de consumo diário de sódio é de 2 gramas/dia, o que corresponde a 5 gramas de sal de cozinha. No Brasil, o consumo de sal vai muito além do que é preconizado pela Organização Mundial de Saúde, em alguma regiões chegando ao consumo de 12 gramas de sal por dia.
Um estudo publicado recentemente pela revista Nature mostrou que uma dieta rica em sal pode afetar negativamente a função cognitiva (memória). O mecanismo que faria isso acontecer seria que o sal causaria uma deficiência de uma substância de vital importância para o cérebro, chamada de óxido nítrico, um potente dilatador dos vasos cerebrais.
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O contato dessa interleucina com os vasos sanguíneos cerebrais promove uma redução na formação do óxido nítrico, uma substância vasodilatadora, importante no relaxamento e alargamento dos vasos sanguíneos do cérebro, permitindo que o sangue flua. Com a falta do óxido nítrico, ocorre uma queda no fluxo de sangue para o cérebro.
Com base nessas descobertas, foi levantada a hipótese de que o sal provavelmente ocasionou a demência nos ratos, devido à redução do fluxo de sangue nos vasos cerebrais. Posteriormente, em nova fase desse estudo, ficou demonstrado que a baixa do óxido nítrico afetou a estabilidade de uma proteína no cérebro e que o seu acúmulo causaria os problemas cognitivos.
Os autores acreditam que evitar a ingestão excessiva de sal e a manutenção correta da saúde vascular pode ajudar a evitar as patologias vasculares e neurodegenerativas que levam a demência.