Saúde Plena

CARDIOLOGIA

Pacientes de risco cardiovascular têm benefícios em tomar ácidos ômega-3?


Foi apresentado na semana que passou, no Congresso da Associação Americana de Cardiologia, um estudo clínico com número significativo de pacientes, portadores de doença cardiovascular de alto risco, que se apresentavam com dislipidemia (elevação do colesterol) aterogênica, que estavam sendo tratados com estatinas.


Esse estudo randomizado, duplo-cego, comparou os efeitos da suplementação de ácidos graxos ômega-3 (EPA-DHA), versus óleo de milho, tendo como comparação os marcadores lipídicos e inflamatórios favoráveis e seus impactos nos principais desfechos cardiovasculares.

Foram incluídos 13.078 pacientes, de 675 centros acadêmicos, e 22 países, que foram alocados aleatoriamente para receber ou 4 gramas/dia de ômega-3 (n 6539) ou óleo de milho (n 6539), como um comparador inerte. O desfecho primário foi composto de morte cardiovascular, infarto do miocárdio, derrame cerebral e revascularização coronária.

O estudo foi prematuramente interrompido quando 1.384 pacientes apresentaram o desfecho primário. Uma análise interna havia indicado a baixa probabilidade de benefício de ômega-3 versus o comparador.

Dentre os 13.078, 96,6% completaram o estudo, sendo que 70% eram diabéticos. O desfecho primário ocorreu em 785 pacientes (12%), tratados com ômega-3, versus 795 (12,2%), com óleo de milho.


Uma maior taxa de eventos adversos gastrointestinais foi observada no grupo ômega-3 (24,7%), comparado com aqueles com óleo de milho (14,7%).

Os autores concluíram que, em pacientes de alto risco cardiovascular, tratados com estatinas, a adição de altas doses de ácidos ômega-3, em comparação ao óleo de milho, não resultou em diferença estatisticamente significativa na ocorrência dos principais eventos cardiovasculares.

Referência: Nicholls SJ et al .Effect of High Dose Ômega-3 Fatty Acids vs Corn Oil on Major Adverse Cardiovascular Events in Patients at High Cardiovascular Risk :The STRENGHT Randomized Clinical Trial .JAMA.2020;DOI:0.1001/JAMA .2020.22258