Insuficiência cardíaca: as novas drogas que mudaram o curso da doença

A insuficiência cardíaca é hoje uma patologia que representa a fase final de muitas doenças ,como a hipertensão arterial, diabetes e a doença renal crônica

Mohamed Hassan/Pixabay
(foto: Mohamed Hassan/Pixabay )

Insuficiência cardíaca é a principal causa de hospitalização entre adultos acima de 65 anos nos EUA. No Brasil, representa mais de 30% das internações por doença cardiovascular.

A hospitalização por descompensação da insuficiência cardíaca é um evento modificador da história natural da doença, havendo um prognóstico pior, ou seja, mais mortalidade em cada nova hospitalização. 

Recentemente, três grandes estudos clínicos, o EMPHASIS –HF, o PARADIGM-HF e o DAPA –HF, mostraram que essas 3 classes, respectivamente, representadas pelos antagonistas de mineralocorticoides, inibidores da neprisilina/valsartan e dapaglifozina (esta uma droga nova, denominada de inibidor da SGLT2, que teve sua indicação inicial para tratar diabetes) mudaram o curso da insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida.

Esses estudos foram colocados em uma análise comparativa,  que mostrou de um lado as novas drogas, e de outro, as drogas preconizadas para o tratamento padrão, que eram as mais comuns que nós utilizávamos para tratar insuficiência cardíaca (captopril, losartan e carvedilol).

Os autores avaliaram no estudo o ganho na sobrevida real e na sobrevida livre de eventos.
 
A finalidade do estudo era mostrar a mortalidade cardiovascular ou internação por insuficiência cardíaca.
 
O resultado mostrou que o tratamento mais abrangente (com as 3 novas drogas) potencialmente modificou a evolução da d oença,propiciando, em estimativa, 2,7 anos adicionais de vida para um idoso de 80 anos e 8,3 anos adicionais de vida para um homem de 55 anos.

Quando se compara com o grupo que recebeu o tratamento convencional, houve ganho de apenas 1,4 anos adicionais para um idoso de 80 anos e 6,3 anos adicionais para um homem de 55 anos.

Os autores concluem que o tratamento da insuficiência cardíaca com as novas drogas disponíveis modifica a história natural da doença, apoiando o uso combinado dessas novas drogas, mantendo assim como um novo padrão de tratamento para essa doença.

Cabe aqui ressaltar a importância para os pacientes portadores de insuficiência cardíaca de manter o seu controle em tempos regulares, pois, como é sabido, essa novas drogas modificaram a mortalidade dessa doença, tão difícil de tratar, como também reduziram a necessidade de internação.

Vaduganathan M et al. Estimating lifetime benefits of comprehensive disease –modifying pharmacological therapies in patients with heart failure with reduced ejection fraction:a comparative analysis of three randomized trialls .Lancet.2020; DOI:10/S140-6736(20)30748-0