Estresse emocional provoca aumento da síndrome do coração partido em tempos de COVID-19

Sintomas costumam ser dor precordial, falta de ar, sugestivo de infarto agudo do miocárdio. Mal atinge especialmente mulheres acima de 50 anos na pós-menopausa

Wikimedia
Imagem de coração atingido pela síndrome e que deixa o órgão parecido com armadilha de pegar polvos (foto: Wikimedia)
A síndrome do coração partido ou síndrome de takotsubo, originalmente foi descrita pela primeira vez por pesquisadores japoneses no inicio dos anos 90.

Takotsubo é um tipo de pote de pesca japonês utilizado na captura de polvos e deu nome a essa doença porque parte do coração das pessoas que sofrem desse problema fica visualmente parecida com o formato dessa armadilha. 

Os sintomas, têm como apresentação um quadro clínico com dor precordial, falta de ar, muito sugestivo de infarto agudo do miocárdio. Tem grande predileção por mulheres acima de 50 anos na pós-menopausa, não sendo raro também a presença em homens e jovens. 

É uma doença que acomete o músculo cardíaco (dilatação e falência), em decorrência do alto nível de estresse emocional vivenciado, quando ocorre liberação de grandes quantidades de adrenalina na corrente sanguínea causando uma lesão aguda no músculo cardíaco levando à sua falência parcial e, muitas das vezes, grave, com morte.  Por isso é conhecida também com o nome de cardiomiopatia induzida por estresse.

A característica mais importante é que, quando se realiza o cateterismo cardíaco as coronárias se mostram isentas de processos obstrutivos. 

Um estudo de 2011, coordenado por pesquisadores da Universidade de Arkansas (EUA), identificou o problema em 21.748 pacientes após vivenciarem catástrofes naturais.

Como a sua principal causa é o alto nível de estresse vivenciado, nesses tempos atuais de pandemia pelo COVID -19, a doença tem aumentado assustadoramente.

Em estudo recente realizado na Cleveland Clinic, centro de referência em cardiologia nos EUA, os casos de síndrome de takotsubo passaram de 1,5 % para 7,8% em um estudo de 1.914 pacientes, nesses meses em que estamos vivenciando o terror dessa pandemia, que mais parece uma roleta russa. 

As pessoas não estão apenas preocupadas com o fato de elas ou seus familiares adoecerem, estão lidando com questões econômicas e emocionais, solidão e isolamento.

A Associação Americana de Psiquiatria realizou uma pesquisa em março de 2020 e mostrou que 36% das pessoas que moram nos EUA acreditam que a COVID-19 teve um impacto grave em sua saúde mental, e 59% acreditavam que havia um impacto grave em seu dia a dia.
 
Importante nós, médicos, estarmos atentos a essa modalidade de exacerbação do stress através dessa doença grave, que pode levar a morte, sendo relevante o diagnóstico precoce para um tratamento adequado.

Nunca é tarde para lembrar que nesses tempos de pandemia o tratamento dos quadros de transtornos generalizados de ansiedade, cada vez mais frequentes, não devem ser postergados, estando o cardiologista habilitado a tratar ou encaminhar esses pacientes com transtornos mentais para colegas especialistas. Exercício, meditação, contato próximo com familiares e amigos, mantendo distância física, também podem ajudar a aliviar a ansiedade. 
 
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