Cai hospitalização por infarto agudo do miocárdio na Itália na era da COVID-19

Registro foi feito por vários centros de cardiologia no país europeu, que também observaram demora por medo no atendimento de pacientes infartados contaminados pelo coronavírus

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(foto: Pixabay)

Estudo de grande importância para todos nós, cardiologistas, para que reflitamos, apesar de ser com um número reduzido de pacientes e também em espaço de tempo reduzido, mostra o efeito da pandemia de COVID-19 nas admissões em CTI na Itália.

Trata-se de um estudo observacional, em vários centros de cardiologia da Itália. Os dados do estudo clínico foram coletados no período de 12 a 19 de março de 2020. Uma análise comparativa foi feita com o registro de pacientes de uma semana de março de 2019.

Foram alocados 2 grupos de pacientes, os chamados de infarto com supra do segmento ST, (CSSST) e os infartos sem supra do segmento ST (SSSST), denominações mundialmente aceitas, como critérios de diagnóstico do infarto agudo do miocárdio.

Quanto aos resultados, salas de cateterismo cardíaco estavam disponíveis em 95% dos centros estudados e em 55% dos centros, tinham salas de cirurgia cardíaca. Durante uma semana de março de 2020, 319 pacientes com infarto agudo do miocárdio foram admitidos e 619 admitidos durante a semana de março de 2019,(48% de redução quando comparados os 2 períodos). Curiosamente, a redução nas admissões em 2020 foi semelhante nas regiões sul, central e norte da Itália.

Os casos de infartos fatais com supra do segmento ST (CSSST) durante a semana de 2020 eram de 13,7% contra 4,1% na semana de 2019.

Os casos de infartos fatais sem supra do segmento ST (SSSST) eram de 3,3% em 2020 e 1,7% em 2019.

As complicações do infarto foram maiores de uma maneira muito significativa, nos pacientes de março 2020 quando comparados com os pacientes de março de 2019. Entre os pacientes com infarto 21 (10,7%), estavam com COVID-19, e a taxa de mortalidade desses pacientes contaminados era de 28,6%, comparada a 11,9% dos pacientes que não tiveram COVID-19 na semana de 2020.

O tempo de início dos sintomas de infarto, até o paciente chegar a sala de cateterismo cardíaco para fazer angioplastia, aumentou em 39% quando comparados com 2019.

Os autores chegaram à conclusão de que os pacientes com infarto, admitidos em março de 2020 foram em número muito menor quando comparados aos de março 2019, com uma maior mortalidade e maiores complicações em relação aos casos de infarto quando comparados aos de março de 2019.

Atrasos na realização da angioplastia de urgência e nas cirurgias de ponte de safena também foram verificados.


Atrasos na admissão de pacientes com infarto como os ocorridos na Itália também estão sendo observados no restante da Europa e nos EUA.

Atrasos na admissão de pacientes com infarto, ao se apresentar aos hospitais, mostra nitidamente o medo da transmissão pelo COVID-19, repercutindo também no atraso da realização da angioplastia de urgência e também na cirurgia de ponte de safena, contribuindo dessa maneira para as altas taxas de complicações e mortalidade vista nos pacientes de 2020.

Referência: De Rosa S ,Spaccatorella C, Basso C. et al ; Reduction  of  hospitalizations for Myocardial Infarction in Italy in the COVID-19 Era .Eur Heart  Journal 2020; may 15