Doutor esse medicamento vai me fazer mal? Será que não atrapalha os outros que eu já tomo? O senhor tem certeza ? Mas o outro médico me disse que….

Espera aí? E o carnaval!? Doutor, eu tenho uma viagem como a gente pode fazer?

Que no carnaval se faça o verso da canção de Chico Buarque “E pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz”. O povo tem pressa de ser feliz e não podemos ter dúvidas que atrapalhem a nossa festa.

Como as doenças não marcam dia e nem hora, muitas vezes eventos chegam no momento que já estamos realizando algum tratamento ou estamos em uso de medicamentos e com isso é importante esclarecer alguns pontos importantes.

Em pleno século XXI, em que estamos discutindo inteligência artificial, vacinas, curas para o câncer, ainda encontramos dados de epidemia de doenças como sífilis que tem prevenção e tratamento.  O preservativo é de uso obrigatório para prevenir as IST -HIV/AIDS, HTLV, Sífilis, Gonorréia, Hepatites, HPV, Donovanose, Clamídia e Tricomoníase. Além de contribuir como método contraceptivo prevenindo gravidez não planejada.

O uso de antibióticos não deve ser interrompido durante eventos, viagens e outras situações uma vez que não há nada que tenha prioridade maior que a saúde. Todo paciente com indicação desse tratamento deve ser avaliado por um médico, não é possível realizar generalizações quando o assunto é interação entre medicamentos ou entre medicamentos e o álcool - tudo depende da condição geral do paciente, do tipo, quantidade e qualidade dos medicamentos e da bebida alcoólica utilizada.

O álcool é contra indicado em uso concomitante de alguns antibióticos, antifúngicos e antivirais específicos: Metronidazol, tinidazol, cefotetan, griseofulvina, voriconazol, cetoconazol, didanosina. Outros como Linezolida, Isoniazida, rifampicina, pirazinamida, eritromicina e doxiciclina podem causar alguns efeitos adversos. Porém para a maioria dos antibióticos utilizados no dia a dia da prática clínica não há nenhuma contra indicação ou interferência no tratamento.

O consumo de álcool durante o uso de alguns medicamentos, entre eles os antibióticos Metronidazol, tinidazol e cefotetan, podem causar o efeito dissulfiram - um conjunto de efeitos colaterais semelhantes à intoxicação pelos resíduos do álcool no sangue. Seria como a ressaca, porém potencializada como se fosse a pior ressaca que você já sentiu na vida. Um outro problema é que, muitas vezes, as pessoas optam por beber e abandonar o tratamento, o que não pode acontecer. 

A associação Médica Britânica publicou um estudo que valida a segurança e a eficácia do uso de antibiótico associado ao consumo de álcool. Este mesmo estudo polêmico apresentou que mais de 76% dos médicos acreditam que o consumo de álcool deve ser proibido durante o uso de antibióticos.

No consultório ou nas rodas de conversa, o uso de contraceptivo e suas falhas também é campeão de dúvidas. A maioria dos métodos contraceptivos não sofrem nenhuma interferência com uso de bebida alcoólica.

Atenção especial quando o assunto for antibióticos e métodos contraceptivos. Para o DIU de cobre, DIU de Mirena e contraceptivos injetáveis - mensais ou trimestrais - não há nenhuma evidência de perda de eficácia durante o uso de antibióticos. Porém se faz uso de comprimido contraceptivo oral diário - as famosas pílulas - CUIDADO: a eficácia pode ser reduzida e aí coloque em prática a lei número um: use camisinha! Este alerta deve ser reforçado para os casais que optaram por não utilizar mais preservativo do tipo camisinha e estão prevenindo a gravidez somente por meio do contraceptivo oral. Pílula em uso de antibiótico: use camisinha. 

Na coluna desta semana apresentamos algumas leis - seja feliz, use camisinha, reforce os métodos contraceptivos e aproveite o Carnaval.

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: ericksongontijo@gmail.com