Amamentação é importante fator de proteção contra o câncer de mama

Literatura mostra possível papel da amamentação na proteção contra doenças como câncer de mama, ovário e endométrio, osteoporose e doenças cardiovasculares

Seeseehundhund/Pixabay
(foto: Seeseehundhund/Pixabay)

São inquestionáveis as vantagens da amamentação para a saúde do bebê: possibilita maior contato com a mãe, melhora a digestão e minimiza as cólicas, ajuda no desenvolvimento, reduz o risco de doenças alérgicas, reduz as chances de desenvolver doença de Crohn e linfoma, fortalece a arcada dentária e previne contra doenças contagiosas. Os estudos sugerem ainda que o leite materno contribui para que a criança cresça com menos riscos de hipertensão, diabetes e colesterol alto.

Contudo, não se deve esquecer: a amamentação confere inúmeros benefícios também para a saúde das mulheres. Primeiramente, durante o puerpério, ajuda a diminuir o sangramento no pós-parto, contribui para o retorno do útero ao tamanho normal e acelera a perda de peso da mãe.

E vai além. Embora não seja tão amplamente divulgado, e apesar da grande dificuldade em fazermos controle científico de fatores importantes nesses estudos, os dados da literatura mostram um possível papel que a amamentação tem na proteção contra doenças como câncer de mama, ovário e endométrio, osteoporose e doenças cardiovasculares, como o infarto.

Esse efeito protetor ocorreria devido à renovação de células que poderiam gerar lesões no material genético, bem como pela redução das taxas de determinados hormônios que favorecem o desenvolvimento do câncer de mama.

Embora o fato em si pareça não ser impactante, quando analisamos o contexto geral de mudanças culturais e de hábitos de vida da humanidade, sobretudo na cultura ocidental e nas regiões mais desenvolvidas, percebemos que os efeitos negativos se acumulam em longo prazo, individual e coletivamente.

Fatores como a nova cultura da postergação da procriação, do menor número de filhos e da substituição do leite materno por outros alimentos para o recém-nascido, como fórmulas prontas, estão associados ao maior número de casos de câncer de mama em países desenvolvidos.

Por outro lado, nos países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo e médio, onde começam a se estabelecer esses hábitos citados, assim como maiores níveis de excesso de peso corporal e de sedentarismo, observa-se com relevância o crescimento da incidência desse tipo de tumor.

No Brasil, por exemplo, se na década de 1980 era comum famílias com até cinco filhos ou mais, hoje esse número reduziu substancialmente, sendo o mais comum, famílias com um ou dois filhos por casal, para aqueles que optam por formar prole.

Segundo dados do GLOBOCAN 2020 (Global Cancer Observatory - IARC), o câncer de mama feminino é responsável por 1 em cada 4 casos de câncer e 1 em cada 6 mortes por câncer no mundo. A doença é também a mais incidente em 159 países e a principal causa de mortalidade por câncer na população feminina em 110 dos 185 que o GLOBOCAN analisa. Conforme dados do Instituto Brasileiro do Câncer (INCA), em 2020 a projeção era de 66.280 casos de câncer de mama no país.

O que fazer então, visto que não há como frear essa tendência natural da redução no número de filhos dentro da lógica do desenvolvimento humano? Acredito que a grande questão seja estimular que as mulheres, ao optarem por serem mães, valorizem continuamente os benefícios da amamentação, estendendo-a ao máximo, ou por pelo menos seis meses de duração, atrelada a outras medidas comportamentais como redução da ingesta alcoólica, combate a obesidade, e prática regular de atividades físicas.

Somado a isso, é pertinente que o governo estimule amplamente esse hábito com campanhas de apoio, bem como incentivando a criação de ambientes de trabalho que favoreçam o contato da mãe com a criança, assim como licenças maternidades de ao menos 6 meses, permitindo maior atenção ao bebê, fundamental nesses primeiros meses de vida.

 

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