Os cânceres em crianças e adolescentes são doenças de importante impacto na qualidade de vida do paciente e de sua família por uma série de fatores que afetam diversas áreas da vida: a dificuldade do diagnóstico, os sintomas da doença, os efeitos adversos do tratamento oncológico, o risco de complicações e o afastamento do paciente de seus círculos sociais, como a família e os amigos da escola podem ser fontes de sofrimento. Dessa forma, se faz necessária a divulgação de informações acerca de quando se suspeitar de cânceres nessa faixa etária, a fim de identificar a doença o mais precoce possível, visando um melhor prognóstico. Nesta semana, o acadêmico de medicina Fernando Bianco Gonçalves de Farias assume a coluna para conscientizar a respeito.
No Brasil, esse tema ganha um destaque especial pois, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2022 ocorreriam cerca de 8.460 casos de câncer infanto-juvenil, sendo a primeira causa de morte por doenças entre crianças e adolescentes de 5 a 19 anos no país. Os tipos de cânceres infantis mais comuns são as leucemias, seguidas pelos tumores cerebrais e os linfomas.
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A importância da atenção primária no cuidado com pacientes oncológicosA importância da doação de sangue para pacientes oncológicosO impacto da espiritualidade nos pacientes oncológicosOs sintomas do câncer infantil muitas vezes são inespecíficos e parecidos com os de doenças comuns entre as crianças. Por isso, consultas frequentes ao pediatra são fundamentais. Mas deve-se atentar em especial para quadros mais prolongados, em geral durando mais de três meses e com piora progressiva ao longo do tempo.
O manual AIDPI, da Organização Pan-Americana da Saúde, elenca os principais sintomas sugestivos de câncer, divididos em algum risco de câncer e risco de câncer ou doença grave:
Algum risco de câncer: cansaço persistente, perda de apetite nos últimos três meses; perda de peso nos últimos três meses; suor noturno sem causa aparente; palidez; surgimento ou crescimento de ínguas, caroços ou massas.
Risco de câncer ou doença grave: febre por mais de sete dias sem causa aparente; dor de cabeça persistente, que interrompe o sono ou é acompanhada de vômito; dor óssea progressiva, especialmente se em apenas um lado do corpo; dor articular; sangramentos inexplicáveis; surgimentos de ínguas, caroços ou massas, especialmente se maiores que 2,5 cm, duros e indolores; alterações visuais; perda de força muscular ou coordenação das pernas; aumento do fígado ou do baço logo abaixo das costelas.
Diante da presença de algumas alterações acima percebidas pelos pais ou pelos filhos, é interessante uma consulta médica com o pediatra que acompanha o desenvolvimento do paciente para a investigação mais adequada.