Mantendo o tema do mês, Outubro Rosa, voltado para a conscientização do câncer de mama, convido a doutora Patrícia Martins, médica radiologista especialista em Saúde da Mulher do Oncobio/Vila da Serra, para falar sobre sua experiência em prevenção e diagnóstico deste tumor.
1- Como deve ser feito o rastreamento com câncer de mama?
O rastreamento do câncer de mama deve ser realizado com o exame de mamografia a partir dos 40 anos, anualmente, em mulheres de risco habitual, independente de sintomas, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Mastologia, do Colégio Brasileiro de Radiologia e da Febrasgo.
Essa recomendação visa maximizar o benefício na redução da mortalidade pela doença. Estudos demonstraram redução do número de mortes em aproximadamente 30%, nas mulheres acima de 40 anos, que realizaram a mamografia periodicamente.
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Outubro Rosa: prevenção primária e secundária devem andar juntasComo amenizar os efeitos colaterais da braquiterapiaA importância da braquiterapia no controle dos tumores ginecológicosAlguns fatores aumentam significativamente o risco de desenvolver câncer de mama, sendo os principais: mutações dos genes BRCA 1 e BRCA 2, parentes de primeiro grau com histórico de câncer de mama (bilateral ou antes dos 50 anos) e história de irradiação torácica antes dos 30 anos.
Mulheres com risco aumentado devem ter o rastreamento intensificado, sendo recomendada a realização precoce de mamografia e o uso adicional da ressonância magnética (RM) .
2 - Como é realizado o exame de mamografia?
O exame é realizado em um mamógrafo, aparelho que utiliza radiação ionizante para obtenção de imagens radiográficas da mama. A radiação utilizada é extremamente baixa, sendo um exame seguro em relação ao risco de indução ao câncer.
As mamas são posicionadas pela técnica de radiologia e comprimidas com uma força ideal para ajudar a "espalhar" o tecido mamário e facilitar a visualização de lesões pelo médico radiologista, que irá posteriormente analisar as imagens.
Em geral, são obtidas quatro imagens, sendo duas de cada mama, em posicionamentos diferentes. Em alguns casos, é necessário a realização de imagens adicionais (complementos) para elucidar eventuais dúvidas diagnósticas.
A qualidade e nitidez das imagens de mamografia estão diretamente relacionadas com a qualidade do aparelho. Já a interpretação das imagens e detecção de lesões dependem da capacitação e experiência do médico que avalia o exame.
É imprescindível realizar o exame em um local de confiança, com aparelhos de tecnologia avançada e profissionais especializados, para garantir um diagnóstico confiável.
3 - Quais os outros exames podem ser realizados para avaliação das mamas ? Eles substituem a mamografia ?
A ultrassonografia (US) e a ressonância magnética (RM) são os outros exames que podem ser realizados para detecção de lesões mamárias. No entanto, não substituem a mamografia (MG).
A mamografia é o único método validado como exame de rastreamento do câncer de mama, pois comprovadamente reduziu a mortalidade das pacientes submetidas periodicamente a ele.
O método detecta lesões muito iniciais, sendo o "padrão ouro" para detecção de calcificações suspeitas, principal forma de apresentação do "carcinoma ductal in situ", um tipo de lesão potencialmente maligna, que ainda não invadiu o tecido adjacente.
A ultrassonografia é um exame utilizado de forma complementar no rastreamento, sendo útil na avaliação adicional de mamas densas e na avaliação de alterações detectadas na mamografia, como por exemplo, nódulos e distorções. É o método de escolha para avaliação de pacientes jovens e em pacientes gestantes, por não emitir radiação ionizante.
A ressonância magnética é utilizada de forma complementar no rastreamento de pacientes com risco elevado. É o melhor método para avaliação da integridade de implantes de silicone. Também pode fornecer informações adicionais em alterações detectadas na MG e US.
4 - Qual a importância de centros integrados de saúde da mulher?
O centro integrado permite agilidade no diagnóstico de patologias relativas à saúde da mulher e proporciona maior comodidade às pacientes. Reduz o tempo de deslocamento, centraliza a burocracia para realização dos diversos tipos de procedimentos e evita que exames alterados sejam guardados ou mesmo esquecidos, sem que a devida conduta seja instituída.
Além disso, informações fornecidas pelos diferentes exames podem ser correlacionadas de forma mais rápida e eficaz pelo médico especialista, garantindo maior assertividade nos resultados. Lesões suspeitas podem, ainda, ser abordadas de forma mais precoce.
O controle evolutivo também fica facilitado em um único centro integrado. A comunicação e discussão entre os profissionais das diferentes especialidades envolvidas no cuidado das pacientes, também são facilitadas pela proximidade física, permitindo uma conduta mais personalizada.
O centro integrado permite maior adesão às estratégias de promoção à saúde e responde às demandas da mulher moderna, dinâmica e multitarefa do contexto atual, em que o racionamento do tempo é cada vez mais necessário.