Como amenizar os efeitos colaterais da braquiterapia

Alguns desses sintomas, principalmente os relacionados ao aparelho ginecológico, podem influenciar negativamente na qualidade de vida das pacientes

Carolina Vieira 07/10/2022 09:50
Cliff Booth/Pexels
(foto: Cliff Booth/Pexels)

Na coluna anterior, eu e a radio-oncologista Bruna Bonaccorsi conversamos a respeito da importância da braquiterapia no tratamento dos tumores ginecológicos. A braquiterapia, apesar de muito bem tolerada e, como dito anteriormente, poupar melhor os tecidos sadios da radiação, pode levar a alguns efeitos colaterais indesejáveis, tais como fadiga, diarréia, sintomas irritativos urinários, secura e estenose (estreitamento) vaginal.

Alguns desses sintomas, principalmente os relacionados ao aparelho ginecológico, podem influenciar negativamente na qualidade de vida das pacientes. É fundamental implementar estratégias para que essas pacientes tenham de volta o bem estar psicossocial e a funcionalidade sexual que o tratamento possa ter prejudicado.

A estenose vaginal não somente piora a qualidade de vida sexual, levando a dispareunia (dor durante o ato sexual), mas também dificulta o seguimento oncológico, uma vez que pode dificultar e até impossibilitar a inserção do espéculo para exame e a coleta do papanicolau nessas pacientes.

Para as sexualmente ativas, recomenda-se retorno a atividade sexual precoce. Para as sem parceiros, a fim de evitar a estenose, pode ser necessário o uso de dilatadores vaginais.

Após um tratamento para um câncer ginecológico há estudos que apontam que quase 80% das pacientes perdem o interesse em sexo. E os efeitos colaterais do tratamento contribuem para isso. Neste ponto, o papel do sexólogo (a) é imprescindível.

É preciso ter em mente que, independente da idade da mulher, é necessário abordar este tema, ainda tabu na nossa sociedade. Tratar e curar o câncer é sempre a prioridade, mas a qualidade de vida dessas pacientes pós tratamento oncológico é de fundamental importância.