O câncer infantil é raro, quando comparado ao do adulto, entretanto é a principal causa de morte por doença em crianças em todo o mundo. De acordo com projeções populacionais, estima-se que haverá 6,7 milhões de casos novos em todo o mundo de 2015 a 2030. Por ano são, em média, 215 mil casos diagnosticados em crianças menores de 15 anos, e cerca de 85 mil em adolescentes entre 15 e 19 anos.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são estimados mais de 8460 casos novos/ano de câncer infantojuvenil no Brasil para o triênio 2020-2022. Apesar do aumento da incidência do câncer infantil, que pode estar associado à melhoria dos registros de base populacional e ao aumento nos diagnósticos, essa condição é frequentemente negligenciada quando se trata de envidar esforços para o planejamento do seu controle.
Barreiras no acesso e encaminhamento resultam em subdiagnóstico do câncer infantil em muitos países, com quase um em cada dois casos no mundo não diagnosticado e tratado. Os esforços em saúde também devem ser voltados para o diagnóstico correto desses pacientes. Sabe-se que mais de 80% das crianças com câncer vivem em países de média e baixa renda e que apenas 20% delas possuem chances reais de cura. Assim, os verdadeiros avanços na área não serão alcançados até que os benefícios sejam estendidos a todas as crianças.
O atraso no diagnóstico do câncer infantil é um dos principais contribuintes para as mortes relacionadas ao câncer em crianças e muitos fatores contribuem para esse atraso. O diagnóstico precoce continua sendo um objetivo fundamental em oncologia pediátrica, resultando em tratamento oportuno do câncer. O diagnóstico tardio também pode estar associado com maior custo econômico e maior mortalidade.
Recentemente, veio a público o caso da filha de Tiago Leifert e Daiana Garbin com um diagnóstico de um raro tumor ocular, o retinoblastoma. Esse é um tumor maligno que se desenvolve nas células da retina, sendo o tumor intraocular mais comum em menores de 5 anos. Pode ser hereditário ou esporádico e acomete uma em cada 15 mil - 20 mil crianças. Existe uma forte associação entre a extensão desse tumor ao diagnóstico e o tempo transcorrido desde o início dos sintomas. A doença intraocular avançada requer tratamento especializado e em alguns casos a retirada do olho afetado.
Quando diagnosticado no estágio inicial, a chance de cura da criança é próximade 100% em países desenvolvidos, com preservação do olho e da visão na maioria dos casos. Em países em desenvolvimento a sobrevida se aproxima de 50% em decorrência das más condições socioeconômicas e dificuldades para o diagnóstico . Embora a ênfase do tratamento atual em países de alta renda se concentre em intervenções para poupar a visão, a prioridade em países em desenvolvimento continua sendo salvar vidas e instituir o tratamento oportuno.
Uma das maneiras de aumentar as taxas de sobrevida e a preservação ocular é a identificação da doença nas suas fases iniciais. Para isso é importante a criação de campanhas de educação continuada para equipes de saúde da família, divulgação para população dos sinais e sintomas comuns encontrados em crianças com a doença, realização do teste do olhinho nas primeiras 72 horas de vida e nos três primeiros anos de vida pelo menos 3 vezes ao ano pelo pediatra e em caso de qualquer anormalidade a criança deve ser encaminhada ao oftalmologista. Sugere-se ainda pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia que bebês de 6 a 12 meses passem por um exame oftalmológico completo e posteriormente entre 3 a 5 anos por uma segunda avaliação oftalmológica.