O canal anal é o tubo que liga a parte inferior do intestino grosso ao ânus e à parte externa do corpo. O revestimento interior do canal anal, a mucosa, é constituído por vários tipos de células, sendo encontradas glândulas, que produzem muco que atua como líquido lubrificante.
Para falar a respeito do câncer de canal anal, convido o coloproctologista Renato Campanati.
1) Quais são os sintomas deste tipo de câncer?
O canal anal é uma área muito vascularizada e com muita sensibilidade, então os principais sintomas são a dor anal, sangramento e a sensação de um nódulo ou uma massa na região do ânus. Devemos lembrar que uma série de doenças que acometem o ânus podem apresentar sintomas semelhantes, por isso a importância de se procurar atendimento médico especializado.
2) Há como falar em prevenção? Quais seriam os fatores de risco?
Leia Mais
A poluição atmosférica e o risco de câncer de pulmãoSetembro em flor: mês dedicado à reflexão sobre tumores ginecológicosTerceira dose da vacina de COVID-19 para pacientes oncológicosPor conta disso, os principais métodos de prevenção são a utilização de preservativos e a vacinação para o vírus HPV, que previne contras os principais sorotipos virais relacionados ao câncer de células escamosas. Além disso, pacientes de alto risco para o desenvolvimento desses tumores, como aqueles que realizam sexo anal desprotegido e os HIV positivos, devem manter exames proctológicos periódicos para identificação de possíveis lesões iniciais.
3) Qual a importância do coloproctologista no manejo desta doença?
O coloproctologista é essencial na condução do paciente com câncer de canal desde o diagnóstico, passando pelo acompanhamento e pelo controle da doença após o tratamento. Os pacientes com sintomas de alarme devem procurar um coloproctologista que realizará o exame proctológico, biópsias e demais exames de acordo com a necessidade. Durante e após o tratamento, o coloproctologista acompanha o paciente para certificar da regressão clínica e diagnosticar possíveis recidivas ou outras complicações. Juntamente ao oncologista, o coloproctologista é essencial na condução desses casos.
4) De forma simples, em que se baseia o tratamento do câncer de canal anal?
A história do tratamento do câncer de ânus é muito interessante. Até a década de 1980, os pacientes com esse diagnóstico eram submetidos a uma cirurgia para ressecção do reto, do canal anal e do ânus, o que implicava no uso de uma bolsa de colostomia definitiva. Em 1974, o coloproctologista americano Norman Nigro descreveu sua experiência inicial com o uso de quimio e radioterapia como tratamento definitivo para o câncer de ânus, com resultados surpreendentes, servindo de referência para o tratamento que realizamos atualmente.
Hoje em dia, os pacientes com diagnóstico de câncer de ânus são tratados com quimio e radioterapia exclusivas e acompanhados clinicamente com exame proctológico e de imagem. A abordagem cirúrgica é reservada apenas para os pacientes que não respondem ou recidivam após o primeiro tratamento.
Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com