Doença trofoblástica gestacional: o que é e como é tratada?

A neoplasia trofoblástica gestacional pode ocorrer após aborto molar, aborto habitual, uma gravidez ectópica ou mesmo após uma gestação que evoluiu muito bem

Carolina Vieira 19/03/2021 06:00
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(foto: Clker Free Vector Images/Pixabay)

Doença trofoblástica gestacional é um grupo de tumores raros que envolvem o crescimento anormal de células no interior do útero. A doença trofoblástica gestacional não se origina a partir das células do útero, como o câncer de colo do útero ou de endométrio. Ao invés disso, estes tumores começam nas células que normalmente se desenvolvem na placenta durante a gravidez.

Este é um tema muito importante, mas ainda pouco discutido e, por isso, as dúvidas são muitas. Para debater a respeito, convido os ginecologistas Gabriel Osanan e Maria Amélia, referências em doença trofoblástica gestacional no Hospital das Clínicas da UFMG.

1- Quem pode ser acometido por esta doença?


A neoplasia trofoblástica gestacional pode ocorrer após um aborto molar, um aborto habitual, uma gravidez ectópica ou mesmo após uma gestação que evoluiu muito bem. Assim, deve-se estar atento a sinais de atraso menstrual e sangramentos anormais após qualquer gestação.

2 - Quando pensar em diagnóstico de neoplasia trofoblástica gestacional?

Toda mulher com sangramento vaginal anormal deve fazer um exame de gravidez para afastar a hipótese de uma gestação. A gonadotrofina coriônica (HCG) é um hormônio presente nas pacientes com gravidez. Quando os valores do hormônio da gravidez estão presentes, os sintomas mais comuns são sangramentos vaginais anormais em mulheres.

3 - O que é mola? Qual a diferença dela para a neoplasia trofoblástica gestacional?

A mola hidatiforme é o resultado de uma fecundação anormal, que dá origem à mola e não a uma gestação habitual. A mola hidatiforme é uma forma benigna da doença trofoblástica gestacional, mas pode ter complicações sérias se não tratada adequadamente em tempo correto. Ela também tem risco de se tornar uma doença invasora e maligna em até 20% dos casos, por isso exige uma acompanhamento de cura após o esvaziamento uterino.

Já a neoplasia trofoblástica gestacional é uma doença invasora e maligna. Ela merece um tratamento especializado, com quimioterápicos e menos comumente com cirurgias. É considerada a neoplasia mais curável da espécie humana quando tratada em tempo hábil e adequadamente, com chances de cura acima de 90% dos casos.

4 - Quais exames são importantes para o diagnóstico?

O exame de gravidez é um marcador mais importante para quem tem neoplasia trofoblástica gestacional. A presença de HCG positivo em uma paciente sem gravidez chama atenção. É importante dizer que mulheres com tumoração sem causa definida também devem fazer o teste de gravidez para surpreender uma possível neoplasia trofoblástica gestacional.

Já para os casos de diagnóstico da mola hidatiforme (forma benigna da doença trofoblástica gestacional), a ultrassonografia obstétrica mostra sinais típicos da doença que, juntamente com o exame positivo de gravidez, definem o diagnóstico de mola hidatiforme.

5 - Como é o tratamento desta neoplasia? É comum ter que retirar o útero?

A maioria dos casos de neoplasia trofoblástica gestacional são tratadas com quimioterapia. É incomum a necessidade de se retirar o útero. Usualmente, a histerectomia (remoção do útero) é realizada somente em casos de exceção.

É importante dizer que a retirada do útero não garante a cura da doença e, por esse motivo, é realizada em situações específicas e de exceção. Mesmo quem faz histerectomia deverá fazer o acompanhamento de cura da doença normalmente, pois essas pacientes podem necessitar de quimioterapia para se curar da doença, mesmo após a cirurgia.

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com