O tratamento e acompanhamento de crianças com câncer é de atuação do oncologista pediátrico, especialidade que demanda grande empenho. Para falar um pouco a respeito, convido o doutor Nonato Mendonça Lott Monteiro, oncologista pediátrico do Oncobio (Grupo Oncoclínicas).
1) Como ocorre a formação de um oncologista pediátrico?
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Até meados dos anos 1960-1970, as crianças e adolescentes com câncer recebiam o mesmo tratamento que os adultos. No entanto, esses grupos de pacientes possuem características orgânicas e biológicas bem distintas. Hoje, o cenário é bem diferente. As crianças com câncer têm o direito de serem tratadas por médicos oncologistas pediátricos, e isso foi um importante avanço para melhorarmos as taxas de sucesso nos resultados do tratamento.
2) Quais as neoplasias mais comuns na infância?
Os tumores nos pacientes pediátricos podem ser subdivididos em dois grandes grupos: os tumores hematológicos, como as leucemias e os linfomas, e os tumores sólidos, como os do sistema nervoso central (cérebro), tumores abdominais (neuroblastomas, hepatoblastomas, neuroblastomas), tumores ósseos e os tumores de partes moles (rabdomiossarcomas, sarcomas sinoviais, fibrossarcomas), entre outros.
De acordo com dados do último protocolo de diagnóstico precoce do Ministério da Saúde (2017), a leucemia aguda é a principal neoplasia que acomete as crianças e adolescentes, enquanto que os tumores do sistema nervoso central representam a segunda neoplasia mais frequente nesta faixa etária, seguidos dos linfomas.
3) Existem diferenças do câncer de um paciente pediátrico e de um paciente adulto?
Sempre é importante lembrar que as crianças não são adultos em miniaturas. Elas têm características próprias, que as distinguem das pessoas mais velhas. Consequentemente, o câncer em criança é uma doença também com características próprias, que o torna diferente do câncer em adultos.
Possui origem, predominantemente, de células embrionárias, curto período de latência e, em geral, crescimento rápido, sendo muito importante, para a obtenção de melhores resultados, a pronta suspeita diagnóstica, o ágil encaminhamento e um correto diagnóstico para início imediato de tratamento.
Assim, o diagnóstico precoce e encaminhamento tempestivo para um tratamento oportuno e de qualidade, possibilitarão o diagnóstico de doenças menos avançadas e com maiores taxas de cura.
4) Existe algum sinal ou sintoma específico do câncer infantil, que os pais e médicos devem ficar atentos?
Esse é um ponto que exige muita atenção e cuidado, pois os sinais iniciais do câncer nessa faixa etária podem ser confundidos com os sintomas de outras doenças mais frequentes na infância, como febre, mal-estar, palidez, falta de apetite.
Às vezes elas apresentam manchas roxas ou dor óssea que não são justificadas por algum trauma. Além disso, emagrecimento, dor de cabeça e estrabismo também podem ser sintomas iniciais de doença oncológica.
Por isso, é importante ter atenção à persistência desses sinais e sintomas, pois se estiverem presentes sem justificativas, uma avaliação médica mais cuidadosa deve ser realizada para se ter um diagnóstico rápido e preciso.
5) Como é realizado o tratamento oncológico em crianças?
Devido à sua complexidade, o tratamento deve ser efetuado em um centro especializado e compreende três modalidades principais (quimioterapia, cirurgia e radioterapia), sendo aplicado de forma racional e individualizada para cada tipo de tumor e de acordo com a extensão da doença. O trabalho integrado a uma equipe multiprofissional é um fator de grande importância para alcançarmos o êxito do tratamento.
Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com