Câncer de testículo e a fertilidade masculina

Novas técnicas de reprodução assistidas e melhorias na criopreservação têm permitido a gravidez da parceira em cerca de 30% a 60% de pacientes

Carolina Vieira 19/02/2021 06:00
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(foto: Pixabay)


O câncer de testículo é uma doença rara. Geralmente acomete homens entre 15 e 25 anos e corresponde a menos de 1% de todos  casos de cânceres no sexo masculino. Seu reconhecimento precoce é  importante, pois nesta condição atinge altas chances de cura com o tratamento adequado. Para conscientizar a respeito, convido Theara Cendi, médica do grupo Oncoclínicas. 

1- Quando suspeitar de câncer de testículo?
Tumores de testículo se apresentam usualmente como um nódulo endurecido ou inchaço indolor em um dos testículos. Cerca de 30% a 40% dos pacientes se queixam de dor local ou sensação de peso no abdome inferior, região perto do ânus e escroto. Dor aguda é observada em cerca de 10% dos casos.

Diagnósticos diferenciais de massas testiculares são torção testicular, inflamação do epidídimo ou inflamação do testítculo e menos frequentemente pode ser atribuído a  hidrocele, varicocele, hérnia e hematoma local.
 
 2- Como é feito o diagnóstico?
Além da avaliação médica especializada (preferencialmente realizada pelo urologista), são coletados exames de sangue e ultrassonografia do testículo. O diagnóstico definitivo, que muitas vezes já compreende o  tratamento, é a cirurgia de remoção do testículo.

A punção ou biópsia do testículo em geral não é realizada pela possibilidade e disseminação das células cancerígenas no saco escrotal e gânglios da virilha.

3- Quais os fatores de risco para desenvolver câncer de testículo?
Homens com histórico de criptorquidia (quando um ou ambos os  testículos não se encontram naturalmente dentro da bolsa escrotal ), mesmo que tenham sido submetidos à cirurgia para correção, apresentam risco elevado para desenvolvimento de câncer em ambos os testículos. 

4- Como é feito o tratamento?
O tratamento definitivo é a remoção do testículo afetado, podendo ser necessária complementação com retirada de gânglios abdominais e/ou  quimioterapia e/ou radioterapia. 

5- Como fica a questão da fertilidade?
Considerando que a maior parte dos homens que apresentam câncer de testículo estão na idade fértil e que será necessário a remoção cirúrgica do testículo acometido, o ideal é uma avaliação de fertilidade pré tratamento. Os testículos são órgãos da reprodução masculina encarregados da produção dos  espermatozoides e do hormônio testosterona. 

Além disso, cerca de 50% dos homens que apresentam câncer de testículo têm algum grau de comprometimento dos espermatozoides. Sendo assim está indicada uma avaliação em clínicas de fertilidade com aconselhamento, podendo haver indicação de congelamento (criopreservação) de sêmen.

Novas técnicas de reprodução assistidas e melhorias na criopreservação têm permitido a gravidez da parceira em cerca de 30% a 60% de pacientes submetidos a tratamento de câncer testicular. 

Com relação à questão estética, é possível colocar uma prótese em substituição ao testículo removido na própria cirurgia de remoção ou programada posteriormente. 

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com