A oncologia clínica é a especialidade médica que se dedica ao tratamento clínico de tumores malignos sólidos em adultos. A residência médica em oncologia clínica dura três anos e tem como pré-requisito dois anos completos de residência em clínica médica. A grade curricular inclui estágios nos diversos campos de atuação da especialidade. Para falar um pouco a respeito, convido a médica Thaís Almeida, atualmente cursando seu último ano da residência em oncologia clínica no Hospital das Clínicas da UFMG.
O que motivou a sua escolha por esta especialidade?
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Quais os principais desafios que você destaca para este tipo de residência médica?
A residência em oncologia clínica é desafiadora em vários aspectos, a começar pelo fato de ter três anos de duração (um ano a mais do que a maioria das subespecialidades). Existe um conteúdo teórico muito extenso e que se modifica com facilidade em curto período de tempo, pois a pesquisa clínica em oncologia é muito fortalecida, gerando, muitas vezes, mudança de conduta clínica. Por isso, é muito importante que o oncologista esteja sempre atualizado e em contato com o meio científico de alguma forma.
Porém, se eu tivesse que destacar apenas um desafio da residência, eu mencionaria o controle da parte emocional. O residente em oncologia tem que saber que sua relação com seus pacientes será diferente da relação que ele tinha com seus pacientes da clínica médica. Na oncologia, essa relação é mais intensa, porque a frequência das consultas ambulatoriais é maior, além do fato de que esse paciente geralmente é mais frágil, mais carente de cuidados, pelo próprio estigma do câncer. Então, o residente em oncologia precisa saber lidar com a morte de pacientes queridos, o que nem sempre é fácil.
Quais os maiores aprendizados que você adquiriu nesta etapa da sua formação?
Talvez essa tenha sido a etapa em que eu mais cresci pessoalmente e profissionalmente. É claro que estudar em livros, artigos, plataformas digitais contribuiu muito para o meu crescimento, mas o trabalho diário com os pacientes e o aprendizado que tiro de cada relação ajudaram a construir parte de quem eu sou hoje. Profissionalmente, fui me moldando e me espelhando também nos preceptores e profissionais que acompanhei e que admiro para construir meu jeito próprio. Saio da residência muito mais amadurecida em vários aspectos da vida. Acho que um aprendizado importante de mencionar aqui é que, nesta residência, eu aprendi o jeito de pensar, o caminho que eu tenho que percorrer em cada caso. Ninguém sairá de uma residência sabendo todas as coisas, mas precisa saber pensar, saber fazer o raciocínio, ir atrás das informações necessárias, fazer as perguntas pertinentes, interpretar corretamente os dados de um estudo. Só assim aumentará suas chances de chegar às respostas que procura.
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