Em março deste ano, quando iniciamos o período de distanciamento social no Brasil por conta da pandemia do novo coronavírus, tratamos logo de isolar nossos pacientes oncológicos e idosos no geral.
Deixá-los presos em casa e ficar longe significava zelo, prova de amor, um sacrifício para proteger nossos entes queridos que correspondiam ao grupo de maior risco para complicações da COVID-19.
Para comentar a respeito deste tema, convidei a Dra. Bárbara Barroso Quinet, geriatra da Clínica Marcos Andrade, Mais60 Saúde e Rede MaterDei de Saúde.
Deixá-los presos em casa e ficar longe significava zelo, prova de amor, um sacrifício para proteger nossos entes queridos que correspondiam ao grupo de maior risco para complicações da COVID-19.
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Hoje, podemos observar com muita clareza as consequências do isolamento nesta população já tão fragilizada. No consultório, vemos intensificação de sintomas depressivos e ansiosos, aumento expressivo da ocorrência de quedas, além de descompensação de doenças crônicas e atraso de diagnósticos.
De forma geral, observamos piora da qualidade de vida dos idosos com prejuízo de sua independência e autonomia.
De forma geral, observamos piora da qualidade de vida dos idosos com prejuízo de sua independência e autonomia.
Inatividade física, redução do convívio social, baixa exposição à luz solar, poucas atividades de recreação e lazer, rotina monótona, distanciamento dos familiares, perda da liberdade, abandono de tratamentos.
Não são poucas as causas que, facilmente, podemos relacionar com o aumento dos transtornos mentais e piora da mobilidade que hoje observamos na prática clínica.
Não são poucas as causas que, facilmente, podemos relacionar com o aumento dos transtornos mentais e piora da mobilidade que hoje observamos na prática clínica.
O que fazer se o vírus continua em circulação e os idosos permanecem como grupo mais vulnerável? Aí vão alguns conselhos:
- Não negligencie o cuidado com a saúde. Mantenha ou retome o tratamento de condições crônicas (incluindo o câncer) e siga as orientações do seu médico. Manter-se o mais saudável possível , com comorbidades bem controladas, também é uma forma de prevenir-se contra as complicações da COVID-19.
- Não deixe de se exercitar. Crie uma rotina de exercícios pelo menos três vezes por semana, mesmo que dentro do seu domicílio. Exercite-se em casa mesmo, caminhada e exercícios funcionais são ótimas opções.
- Sol e ar puro são essenciais. Se tiver inseguro ou não for possível um local mais isolado, ao ar livre e sem circulação de pessoas, tome banho de sol em casa mesmo, pelo menos 20 minutos ao dia, com braços e pernas expostos.
- Mantenha-se ativo. Estabeleça uma rotina de atividades, cuidados com a casa, trabalhos manuais, leitura, jogos de raciocínio, não importa, trabalhe corpo e mente.
- Conviva, esteja próximo de quem é importante para você. Por telefone, por mensagem, por videochamada, esteja sempre em contato com familiares e amigos. Crie possibilidades para encontros mais seguros, em locais arejados, respeitando o distanciamento e evitando o contato físico.
Vamos cuidar de nossos idosos, solidão também mata e o dia de viver é hoje!"
Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva para mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com