Saúde Plena

ONCOLOGIA

Como cirurgiões plásticos podem auxiliar na melhora da auto-estima de pacientes oncológicos


Os tratamentos oncológicos e o próprio câncer podem causar alterações na imagem corporal dos pacientes, ocasionando inclusive prejuízos à auto-estima.


Procedimentos estéticos e reconstrutores, quando bem indicados e realizados de forma segura, por profissional habilitado, podem ter impactos positivos neste contexto. Para abordar este tema, convido a cirurgiã plástica, titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Dra. Patrícia Lana.

1- Como os cirurgiões plásticos, inseridos dentro da equipe multidisciplinar que cuida do paciente oncológico, podem promover melhora do bem estar deste doente?
O cirurgião plástico atua em conjunto com a oncologia principalmente nas cirurgias reparadoras. Em muitos casos, a retirada de tumores gera alterações ou deformidades que podem ser amenizadas com a cirurgia plástica. Esses tratamentos podem ser realizados no mesmo momento do tratamento do câncer, ou após o término do tratamento oncológico. Além disso, é muito frequente a procura por procedimentos estéticos para retomar o auto-cuidado. Alguns tratamentos quimioterápicos alteram a proliferação celular de todo o corpo, inclusive da pele, o que pode causar uma piora do aspecto cutâneo, com opacidade e perda do viço. Esses aspectos podem ser melhorados com procedimentos pouco invasivos realizados no próprio consultório.
 
2- Você poderia citar alguns procedimentos cobertos pelo SUS para pacientes oncológicos?
Reconstrução de mama, e reconstrução após retirada de tumores cutâneos. A reconstrução de mama é garantida por lei a todas as mulheres que tiverem indicação e condição clínica favorável para a cirurgia.


3- Algum procedimento pode ser realizado durante o tratamento quimioterápico?
Sim. Se não houver alteração da coagulação sanguínea, podem ser realizados alguns tipos de procedimentos estéticos, como os tratamentos para rejuvenescimento facial com toxina botulínica e preenchimento com ácido hialurônico. Suspensão com fios, bioestimuladores, lasers e cirurgias estéticas devem ser evitados nesta fase. Para procedimentos mais invasivos, o ideal é aguardar pelo menos 3 meses do final do tratamento, com aval do oncologista.

4- A recuperação pós operatória de pacientes oncológicos é diferente? Devem ser tomados cuidados mais aprofundados?
Sim. Pacientes oncológicos apresentam uma tendência maior a eventos trombo-embólicos que, somado ao efeito inflamatório do pós operatório, gera um risco maior desses eventos, como a trombose venosa profunda e tromboembolia pulmonar. Então, é necessário o uso de anti-coagulantes por período mais prolongado no pós operatório. Além disso, pacientes que realizaram radioterapia no local da cirurgia apresentam a cicatrização mais lenta que o normal, o que faz com que os cuidados com a ferida sejam mais prolongados.

5- No caso de cicatrizes devido a cirurgias para retirada de tumores, quais seriam as formas de se amenizar?
A principal forma de se amenizar o aspecto das cicatrizes é a técnica operatória. Fazer a posição da cicatriz no sentido correto das forças de tração da pele é essencial. Além disso, o fechamento por planos das camadas da pele de forma cuidadosa também proporciona cicatrizes mais discretas. Se mesmo assim a cicatriz ficar inestética, existem alguns tipos de tratamentos para suavizar. De uma forma geral, cicatrizes avermelhadas reagem muito bem ao tratamento com luz pulsada e lasers. Cicatrizes escuras e pigmentadas podem ser tratadas com cremes clareadores e também alguns tipos de laser. Cicatrizes hipertróficas ou quelóides podem ser tratadas com o uso de corticóides tópicos ou injetáveis. Cada caso precisa ser avaliado individualmente. Muitas vezes é necessária nova cirurgia para a retirada da cicatriz e uma nova sutura, com reposicionamento das forças de tração.


6- No caso de crianças que ficam com alguma cicatriz de retirada de tumores, é melhor aguardar seu crescimento para abordar a cicatriz?
Depende. Muitas vezes a cicatriz pode ser melhorada sem causar nenhum prejuízo, sendo que o benefício será grande para o relacionamento interpessoal da criança.  Outras vezes aguardar o crescimento é essencial para ter mais opções técnicas,  ou para garantir maior colaboração do paciente com os cuidados do pós operatório. 
 
Tem dúvidas ou sugestões? Envie email para carolinavieiraoncologista@gmail.com