As mais recentes atualizações da American Society of Cancer (ACS) deixam para trás o foco em nutrientes específicos e passam a abordar "Padrões de Dieta". Mas por quê? Simplesmente porque quando falamos em padrões conseguimos nos aproximar mais de como realmente nos alimentamos, afinal, ninguém consome nutrientes isolados e sim alimentos completos.
Precisamos lembrar que investigar o impacto da dieta na prevenção do câncer é um desafio, devido à complexidade dos hábitos alimentares populacionais e todas as variáveis inerentes a eles.
No entanto, mesmo diante das dificuldades das evidências atuais, já podemos afirmar com certeza que um padrão de dieta saudável, associado à atividade física regular, é sem dúvidas um dos nossos maiores aliados na prevenção do câncer.
Para debatermos sobre alguns mitos e verdades sobre alimentação e câncer, convido a nutricionista Eunice Barros.
No entanto, mesmo diante das dificuldades das evidências atuais, já podemos afirmar com certeza que um padrão de dieta saudável, associado à atividade física regular, é sem dúvidas um dos nossos maiores aliados na prevenção do câncer.
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Vários estudos mostram que alimentação ajuda a prevenir e combater várias doenças, inclusive o câncer. As frutas roxas e vermelhas são ricas em antocianinas e licopeno, potentes antioxidantes. Os grãos integrais, sementes de linhaça e gergelim são excelentes fonte de fibras que atuam como alimento para nossa flora intestinal. Vegetais crucíferos e folhas verdes escuras como espinafre, couve, brócolis e couve de bruxelas possui compostos organossulfurados que atuam no combate ao câncer.
A cúrcuma, conhecida popularmente como açafrão da terra, possui a curcumina, um componente polifenólico que contribui para inibir o desenvolvimento do câncer. Para aumentar a sua absorção é interessante usar a pimenta, pois o seu composto piperina potencializa a biodisponibilidade da curcumina. Os efeitos dos alimentos são mais fortes quando estes são consumidos em combinação como uma refeição multicolorida, preferencialmente natural, adquiridas na estação específica do ano e sem agrotóxicos.
2- Quais alimentos devem ser evitados?
Devemos evitar o terrorismo nutricional, nenhum alimento isoladamente é o causador do câncer. Devemos sempre priorizar o equilíbrio, manter uma postura centrada no paciente, desenvolver ações mais humanizadas e considerando os fatores socioeconômicos, hábitos e o fator emocional. As recomendações da Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) para reduzir o risco de câncer são baseadas no controle do peso corpóreo, estímulo a atividade física moderada (no tempo que o paciente conseguir fazer, sem forçar), redução do consumo de carne vermelha processada (salame, presunto, mortadela e defumados), redução no consumo de bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos de fruta industrializados), aumento no consumo de fibras (vegetais e frutas), redução no consumo de comidas industrializadas (fast food), redução no consumo de bebidas alcoólicas e evitar o uso de suplementos orais pois as necessidades nutricionais devem ser atendidas através da alimentação e não através de cápsulas.
3- O consumo de açúcar está mesmo associado a maior risco de câncer? Pacientes oncológicos devem retirar o açúcar da sua alimentação?
O consumo excessivo de açúcar pode levar à obesidade e ela é um dos fatores de risco para o câncer. Não somente os pacientes com câncer mas toda a população deve equilibrar o consumo de açúcar, principalmente açúcar branco e carboidratos refinados. As células tumorais para multiplicar precisam de energia e preferem a glicose como combustível. Mas o metabolismo da célula cancerosa é complexo e pode se multiplicar através de outras vias, utilizando gordura, aminoácidos e outros produtos. Portanto o equilíbrio alimentar é fundamental para uma boa saúde.
4- Agrotóxicos causam câncer? Como ocorre este processo? Faz realmente diferença consumir orgânicos?
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Os agrotóxicos são compostos de substâncias químicas destinadas ao controle, destruição ou prevenção de agentes que danificam plantas e animais úteis ao consumo das pessoas. Mas diversos estudos comprovam o malefício para a saúde humana e ambiental da exposição a estes agrotóxicos devido ao seu potencial agentes carcinogênicos. O impacto na saúde humana vai desde intoxicação com o produto (fortes dores de cabeça, náuseas e dor de estômago), danos no mecanismo de defesa do corpo, transtornos mentais e alteração celular com danos ao DNA. Infelizmente a certificação dos alimentos orgânicos possui um valor bem elevado, o que pode dificultar o acesso a estes produtos. Devemos sim estimular a produção orgânica, a agroecologia, e as hortas caseiras.
Qual a sua dúvida? Escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com