Uso de cateteres de longa permanência em pacientes oncológicos

A importância da indicação correta e do profissional habilitado para essa intervenção

Suprevida/reprodução
(foto: Suprevida/reprodução)

Muitas vezes, os pacientes oncológicos necessitam de tratamento intravenoso por longos períodos. A infusão múltipla pode levar à fragilização da rede venosa do paciente, tornando cada vez mais difícil a próxima punção.

Além disso, algumas medicações podem causar reações locais na pele em caso de extravasamento, como queimaduras e bolhas. Nesse contexto, como forma de diminuir o desconforto das ”picadas” excessivas lançamos mão dos cateteres de longa permanência.

Para conversar a respeito, convidei o cirurgião oncológico Jairo Teixeira, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica.

Dentre os cateteres de longa permanência, o  mais comum é o cateter totalmente implantável, também conhecido como portocath. Eles são uma forma prática e confortável de administrar medicamentos venosos, colher amostras de sangue, infusão de dieta parenteral e transfusões. Possuem um reservatório implantado abaixo da pele, feitos de plástico ou titânio, de fácil localização pelos profissionais de enfermagem, que auxilia uma punção certeira.

Eles podem ser mantidos por anos e requerem apenas cuidados locais após sua utilização. Para o implante, é utilizada anestesia local e normalmente uma sedação leve, não necessitando internação hospitalar.

Classicamente, esses dispositivos são implantados em veias do pescoço ou ombro, com o reservatório posicionado no peitoral. Uma outra estratégia é utilizar uma veia do braço, com auxílio de ultrassom e radioscopia, posicionando o dispositivo abaixo do bíceps. Essa opção tem ganhado popularidade nos últimos anos entre pacientes e profissionais de saúde por diminuir a exposição do paciente durante sua utilização e por motivos estéticos.

Outro tipo comumente usado é o chamado PICC. São cateteres normalmente implantados no braço, que podem ser utilizados por até 1 ano, tanto em situação hospitalar ou domiciliar. Têm o inconveniente de possuírem uma parte externa, que pode incomodar o paciente, e requerem mais cuidados.

O cateter de Hickman é usado para paciente com doenças hematológicas, que necessitam transplante de medula, e transfusões sanguíneas múltiplas. Ele é implantado em veias do pescoço e também tem uma parte externa longa que fica posicionada no tórax do paciente.

Podem durar vários meses, e é muito comum em pacientes que requerem internação prolongada.

Apesar de seu uso ser comum em serviços de oncologia, a colocação desses cateteres também tem seus riscos, como qualquer procedimento cirúrgico. Em sua grande maioria as complicações são locais, como infecção no local do implante, ou a implantação do cateter com alguma angulação muito grande, impedindo sua utilização.

Nesses casos, o tratamento normalmente envolve a retirada do cateter e utilização de outra veia ou região do corpo para novo implante. Mas complicações mais drásticas podem ocorrer. Por isso o cirurgião que irá realizar o procedimento deve ser  acostumado a realizá-lo e, se necessário, tratar suas complicações. Cirurgiões Oncológicos e Vasculares são os especialistas mais indicados para a realização desse procedimento.

A decisão de colocar um cateter de longa permanência deve ser discutida com participação do paciente, oncologista, cirurgião e equipe de enfermagem, considerando-se o tempo estimado de tratamento, o tipo de medicamento a ser utilizado e o estado da rede venosa do paciente. 
Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema, escreva pra mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com