De todos os casos de câncer no mundo, 70% deles acontecem depois dos 60 anos. O envelhecimento e a diminuição da capacidade das células de se recuperar fazem com que o organismo dos idosos seja mais suscetível aos tumores. Este processo, associado a fatores como tabagismo, obesidade e sedentarismo contribui para o surgimento de neoplasias.
É preciso estabelecer estratégias para o tratamento do câncer no idoso com o objetivo de priorizar pela qualidade de vida a partir do trabalho em conjunto da equipe interdisciplinar. Para falar sobre a importância da inserção do geriatra nesta equipe, conto com a participação do Dr. Jader Freitas.
O tratamento de um câncer certamente é um dos momentos mais difíceis da vida de qualquer pessoa e quando se trata de idosos a tarefa pode ser ainda mais complicada. Sabemos que o processo de envelhecimento leva à redução das reservas do organismo.
Isto significa que, diante de uma mesma agressão, o organismo responderá de maneira diferente daquela observada em adultos jovens. É por este motivo que uma pneumonia no jovem é menos perigosa que no idoso. É também por isso que os idosos têm maior risco de sofrer efeitos colaterais de remédios e de tratamentos como quimioterapia e radioterapia.
O acompanhamento geriátrico é feito no sentido de manter o nível de autonomia, energia e independência do idoso aumentando as chances de sucesso do tratamento. As medidas visam melhorar a saúde geral do indivíduo abordando condições que muitas vezes são erroneamente ditas como “normais da idade” ou “normais diante do câncer”. Não é normal que a pessoa desenvolva depressão, ansiedade, insônia ou queda do apetite. Também não é normal que perca a sua independência. É possível tratar e frequentemente reverter esses quadros.
Outras condições abordadas na avaliação geriátrica são: dor, fadiga, intestino preso, incontinência urinária, quedas, falta de energia, desnutrição, perda de equilíbrio ou força muscular. São feitos ainda estudos em cima da polifarmácia (quando o idoso usa quatro ou mais remédios todos os dias) no sentido de retirada de medicamentos danosos, fúteis ou inapropriados para idosos. Ou seja, é preciso tratar a pessoa que sofre, e não apenas a sua doença.
Por fim, é de extrema importância trabalhar com o paciente e ajudá-lo a planejar com clareza, paz e serenidade como deseja que seja o restante de sua vida caso a doença não tenha cura. É um momento para tomada de decisões muito importantes - talvez as mais importantes da vida. O serviço de saúde não deve atrasar o início dos cuidados paliativos com ênfase no conforto, na dignidade da vida e na autonomia do paciente. Neste caso, o geriatra muitas vezes é o médico que irá acompanhar o idoso, seja no consultório ou no domicílio, dando o suporte necessário a ele e seus familiares buscando o máximo de bem-estar.
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