Vamos falar sobre o melanoma?

O melanoma é um tipo de câncer que afeta as células produtoras de pigmento da pele

Freepik
(foto: Freepik)

O melanoma geralmente aparece como uma marca marrom escura ou preta, de forma irregular, que tem uma aparência diferente das outras pintas ou sardas de uma pessoa. Pode conter uma mistura de cores claras e escuras e ter bordas irregulares e assimétricas. Embora a maioria dos melanomas seja bege ou marrom, alguns não têm pigmento e aparecem em rosa.

Os melanomas freqüentemente mudam com o tempo. Podem crescer em tamanho, tornar-se mais elevados, desenvolver alterações de cor e/ou sangrar. Embora o melanoma geralmente ocorra na pele, pode se desenvolver em outras partes do corpo, inclusive nos olhos ou dentro da boca.

Quão comum é o melanoma?

O melanoma representa apenas 1% dos cânceres de pele, mas causa a maioria das mortes por câncer de pele. Nos Estados Unidos, em 2022, foram diagnosticados aproximadamente 100 mil novos casos de melanoma invasivo e houve 7.650 mortes por melanoma. O Brasil espelha a epidemiologia global e apresenta uma incidência anual estimada de 190 mil casos anuais, com cerca de 2 mil óbitos anuais por melanoma em ambos os sexos.

Fatores de risco para melanoma

Os principais fatores de risco para melanoma incluem idade avançada, sexo masculino, aumento do número de sinais, tom de pele mais claro, ter um membro da família com melanoma e histórico de exposição extensa à luz ultravioleta do sol ou de câmaras de bronzeamento artificial.

No entanto, adultos jovens e pessoas com tons de pele mais escuros também podem desenvolver melanoma. Em pessoas com tons de pele mais escuros, o melanoma ocorre mais comumente em áreas protegidas do sol, como palmas das mãos e plantas dos pés, e pode não estar associado à exposição ao sol.

Algumas alterações genéticas herdadas podem determinar síndromes de predisposição hereditária para melanoma, como mutações nos genes CDKN2A e BRCA2.

Como o melanoma pode ser detectado?

A inspeção visual regular da pele, inclusive em áreas protegidas do sol, como couro cabeludo, virilha, unhas, palmas das mãos e solas dos pés, é importante para diagnóstico e tratamento precoces. As lesões de pele que são preocupantes para melanoma devem ser prontamente avaliadas por um médico de cuidados primários ou dermatologista.

Diagnóstico e tratamento

A biópsia de pele é a maneira padrão de diagnosticar o melanoma. Ferramentas diagnósticas não invasivas, como ampliação com dermatoscopia, podem ajudar a determinar quais lesões cutâneas devem ser biopsiadas.

O tratamento geralmente envolve cirurgia para remover todo o melanoma e uma margem de pele normal ao redor. Se o melanoma tiver crescido profundamente na pele, uma biópsia de linfonodo pode ser realizada para avaliar se o melanoma se espalhou para os linfonodos.

Se o melanoma for profundo ou presente em linfonodos, estudos de imagem, como tomografia computadorizada (TC) com ou sem tomografia por emissão de pósitrons (PET), podem ser realizados para determinar se o melanoma se espalhou (metástase) para órgãos internos.

Os melanomas que estão em estágio avançado ou que não podem ser removidos por cirurgia podem ser tratados com medicamentos sistêmicos, incluindo certos medicamentos que ajudam o sistema imunológico a reconhecer as células cancerígenas.

Nos últimos anos, houve grandes avanços no tratamento do melanoma nos estágios II, III e IV com imunoterapia. Embora a imunoterapia possa ser eficaz no tratamento do melanoma, existem muitos efeitos colaterais possíveis do tratamento. Diferentes tipos de imunoterapia podem causar diferentes efeitos colaterais. Os efeitos colaterais comuns incluem reações cutâneas, sintomas semelhantes aos da gripe, diarreia e alterações de peso.

Inibidores de PD-1 e PD-L1

Na imunoterapia para melanoma, existem dois anticorpos monoclonais que bloqueiam uma proteína chamada morte programada-1 (PD-1) que foram aprovados pelas principais agências reguladoras para tratar o melanoma estágio II, estágio III ou estágio IV (metastático): nivolumabe e o pembrolizumabe.

O PD-1 é encontrado na superfície das células T e interage com uma proteína chamada PD-L1. As células T são um tipo de glóbulo branco que ajuda diretamente o sistema imunológico do corpo a combater doenças. A interação da proteína PD-1/PD-L1 impede que o sistema imunológico destrua o câncer. Drogas que impedem o funcionamento do PD-1 e PD-L1 permitem que o sistema imunológico atinja melhor as células do melanoma.

Tanto o nivolumabe quanto o pembrolizumabe demonstraram reduzir o melanoma em 25% a 45% dos pacientes com melanoma irressecável (o que significa que a cirurgia não é uma opção) ou estágio IV, dependendo de quando o tratamento é administrado. Ambos os medicamentos também demonstraram reduzir o risco de recidiva do câncer após a cirurgia para melanoma em estágio III. Mais recentemente, o pembrolizumabe demonstrou reduzir o risco de recidiva do câncer após a cirurgia para melanoma de estágio II de maior risco (estágio IIB e estágio IIC).

Inibidores de CTLA-4

O ipilimumabe é uma imunoterapia que tem como alvo uma molécula chamada molécula 4 associada a linfócitos T citotóxicos (CTLA-4).

Uma combinação de ipilimumabe e nivolumabe pode ser usada para o tratamento de melanoma irressecável em estágio III ou IV. Essa combinação é melhor do que qualquer um dos medicamentos isoladamente na redução do tamanho dos tumores e no retardo do crescimento dos tumores, e 58% das pessoas que usam essa combinação têm seus tumores reduzidos. No entanto, a combinação dessas drogas causa muito mais efeitos colaterais.

Drogas-alvo

Também podem ser utilizadas as denominadas drogas-alvo quando o tumor apresenta determinadas mutações no gene BRAF. Tratamentos adicionais para melanoma avançado podem estar disponíveis por meio de ensaios clínicos.

Inibidores de BRAF

A descoberta de que cerca de 50% dos melanomas têm um gene BRAF mutado ou ativado forneceu uma direção importante na terapia direcionada para o melanoma. Os inibidores BRAF aprovados para tratar o melanoma irressecável em estágio III e IV incluem: Dabrafenibe, Encorafenibe e Vemurafenibe.

Inibidores de MEK


Trametinibe, cobimetinibe e binimetinibe são terapias direcionadas para melanoma irressecável ou metastático com uma mutação BRAF V600E ou V600K. Essas drogas, que são tomadas em forma de pílula, visam especificamente a proteína MEK, que está envolvida no crescimento e na sobrevivência do câncer.

Embora o trametinibe tenha sido originalmente aprovado com base nos resultados de um estudo clínico que mostrou que pessoas com melanoma em estágio IIIC ou estágio IV que receberam essa terapia direcionada viveram mais tempo sem que o câncer piorasse do que aqueles que receberam quimioterapia, esses medicamentos quase sempre são administrados em combinação com um inibidor de BRAF.

Qual é o prognóstico do melanoma?

O prognóstico do melanoma está relacionado principalmente ao seu estágio, que é determinado pelo tamanho do tumor e profundidade da invasão da pele, se os linfonodos estão envolvidos e se o melanoma se espalhou para outros órgãos. A sobrevida em cinco anos varia de 99% para melanoma que não se espalhou além de sua localização inicial na pele a 30% em pacientes com melanoma metastático. Portanto, encontrar e tratar o melanoma precocemente é extremamente importante.