André Murad
Um novo exame de sangue baseado em análise proteômica desenvolvido por pesquisadores holandeses pode identificar alterações nas proteínas séricas que sinalizam o aparecimento do câncer de mama até dois anos antes do diagnóstico da doença em mulheres de alto risco.
As descobertas vêm de uma análise de amostras de soro coletadas de participantes do estudo denominado TESTBREAST, que inscreveu 1.174 mulheres portadoras de mutações patogênicas no gene BRCA, que sabidamente aumentam consideravelmente o risco para câncer de mama.
Mulheres jovens portadoras de mutações BRCA apresentam um risco fortemente aumentado de desenvolver câncer de mama, que chega a 72%, dependendo da mutação. Consequentemente, há uma necessidade clínica de se iniciar o rastreamento mais cedo e com mais frequência, até porque até 17% dessas mulheres podem desenvolver tumores durante os intervalos de rastreamento.
Outras medidas que podem ser empregadas nesse casos são as chamadas "cirurgias redutoras de risco", como a retirada preventiva das mamas, trompas e ovários. As mulheres alocadas nesse estudo têm sido atendidas em nove centros na Holanda, e a elas são oferecidos exames de mama (exame clínico e imagem) regulares desde uma idade mais jovem e com mais frequência do que a população em geral, devido ao seu maior risco de doença. Eles também coletam amostras de sangue regularmente e, até agora, mais de 3 mil amostras de soro foram coletadas em dez anos.
Os resultados agora relatados vêm de uma análise aprofundada de 30 amostras de três mulheres que desenvolveram câncer de mama (casos) e três que não tiveram a doença (controles). Esses são os resultados iniciais de apenas essas seis mulheres, e uma análise mais completa de mais amostras de mais mulheres está em andamento.
Os níveis de proteína foram medidos longitudinalmente para determinar as variabilidades intrapacientes e interpacientes. Para este fim, os padrões de agrupamento de proteínas foram avaliados para formar uma base conceitual para análises clínicas posteriores.
Usando uma estratégia proteômica de baixo para cima baseada em espectrometria de massa, a abundância de proteínas de 30 amostras foi analisada: cinco amostras sequenciais de soro de seis mulheres de alto risco; três que desenvolveram câncer de mama (casos) e três que não desenvolveram (controles).
As amostras de soro foram fracionadas cromatograficamente e um proteoma sérico em profundidade foi adquirido. Análises de clusters foram aplicadas para indicar diferenças entre e dentro dos níveis de proteína em amostras de soro de indivíduos.
As análises preliminares revelaram que os níveis de seis proteínas foram significativamente diferentes entre mulheres que desenvolveram câncer de mama e aquelas que não desenvolveram, e as diferenças foram detectáveis %u200B%u200Bem até dois anos antes do diagnóstico.
Esses dados bastantes auspiciosos foram recentemente apresentados pelos autores na 13ª Conferência Europeia sobre Câncer de Mama, e o trabalho também foi publicado no prestigiado International Journal of Molecular Sciences.
Os autores sugeriram que o novo exame de sangue poderia ser usado em mulheres de alto risco em intervalos de seis meses. Isso significa que os pacientes podem "servir como seu próprio controle", o que permite um melhor monitoramento contínuo. Os testes provavelmente devem ser baseados em proteínas que diferem entre mulheres com e sem câncer de mama e em proteínas que se alteram em uma pessoa ao longo do tempo.
Se mais pesquisas validarem estas descobertas, esse teste poderá ser usado como um complemento às técnicas de triagem existentes. Exames de sangue são relativamente simples e não são particularmente invasivos ou dolorosos, podendo assim ser realizados periodicamente no rastreio.
Assim sendo, temos a expectativa de que esse estudo possa efetivamente resultar em em um exame de sangue indicado para pessoas com um alto risco de desenvolvimento de câncer de mama, o que poderia orientar a triagem e os demais exames de rastreamento e diagnóstico de forma personalizada e também ajudar a diagnosticar o câncer de mama no estágio mais precoce possível.
Se, durante o período de acompanhamento das mulheres, os níveis de proteína começarem a subir, as pacientes serão então submetidas a uma ressonância magnética, momento em que se poderá discutir com a paciente suas opções. Para as mulheres que prefeririam se submeter à mastectomia preventiva, essa seria a hora mais adequada de de realizá-la.
Mais detalhes do estudo
Para o estudo, a equipe analisou as amostras de sangue com espectrometria de massa direcionada para examinar alterações pré-diagnósticas nos níveis de proteína. Eles realizaram uma análise de caso-controle aninhada em amostras de soro de três mulheres que desenvolveram câncer de mama e três mulheres que não desenvolveram.
A análise inicial desses três casos e controles, que forneceram cinco amostras de soro cada, ou um total de 30 amostras intrapacientes adquiridas longitudinalmente, indicou que cada paciente tinha padrões únicos e identificáveis %u200B%u200Bde agrupamento de proteínas.
A análise de agrupamento dos casos e controles revelou que, de 764 proteínas candidatas, havia um painel de seis proteínas distintas que foram significativamente associadas ao início precoce do câncer de mama.
Crucialmente, a equipe descobriu que, usando cortes personalizados e baseados na população, essas diferenças de proteína estavam presentes entre um e dois anos antes do diagnóstico clínico de câncer de mama.
O futuro
No futuro, a ideia é a de validar essas descobertas em toda a coorte TESTBREAST. A equipe também está colaborando com pesquisadores internacionalmente, para permitir que a técnica seja simplificada e tenha também seus custos reduzidos.
Um novo exame de sangue baseado em análise proteômica desenvolvido por pesquisadores holandeses pode identificar alterações nas proteínas séricas que sinalizam o aparecimento do câncer de mama até dois anos antes do diagnóstico da doença em mulheres de alto risco.
As descobertas vêm de uma análise de amostras de soro coletadas de participantes do estudo denominado TESTBREAST, que inscreveu 1.174 mulheres portadoras de mutações patogênicas no gene BRCA, que sabidamente aumentam consideravelmente o risco para câncer de mama.
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Outras medidas que podem ser empregadas nesse casos são as chamadas "cirurgias redutoras de risco", como a retirada preventiva das mamas, trompas e ovários. As mulheres alocadas nesse estudo têm sido atendidas em nove centros na Holanda, e a elas são oferecidos exames de mama (exame clínico e imagem) regulares desde uma idade mais jovem e com mais frequência do que a população em geral, devido ao seu maior risco de doença. Eles também coletam amostras de sangue regularmente e, até agora, mais de 3 mil amostras de soro foram coletadas em dez anos.
Os resultados agora relatados vêm de uma análise aprofundada de 30 amostras de três mulheres que desenvolveram câncer de mama (casos) e três que não tiveram a doença (controles). Esses são os resultados iniciais de apenas essas seis mulheres, e uma análise mais completa de mais amostras de mais mulheres está em andamento.
Os níveis de proteína foram medidos longitudinalmente para determinar as variabilidades intrapacientes e interpacientes. Para este fim, os padrões de agrupamento de proteínas foram avaliados para formar uma base conceitual para análises clínicas posteriores.
Usando uma estratégia proteômica de baixo para cima baseada em espectrometria de massa, a abundância de proteínas de 30 amostras foi analisada: cinco amostras sequenciais de soro de seis mulheres de alto risco; três que desenvolveram câncer de mama (casos) e três que não desenvolveram (controles).
As amostras de soro foram fracionadas cromatograficamente e um proteoma sérico em profundidade foi adquirido. Análises de clusters foram aplicadas para indicar diferenças entre e dentro dos níveis de proteína em amostras de soro de indivíduos.
As análises preliminares revelaram que os níveis de seis proteínas foram significativamente diferentes entre mulheres que desenvolveram câncer de mama e aquelas que não desenvolveram, e as diferenças foram detectáveis %u200B%u200Bem até dois anos antes do diagnóstico.
Esses dados bastantes auspiciosos foram recentemente apresentados pelos autores na 13ª Conferência Europeia sobre Câncer de Mama, e o trabalho também foi publicado no prestigiado International Journal of Molecular Sciences.
Os autores sugeriram que o novo exame de sangue poderia ser usado em mulheres de alto risco em intervalos de seis meses. Isso significa que os pacientes podem "servir como seu próprio controle", o que permite um melhor monitoramento contínuo. Os testes provavelmente devem ser baseados em proteínas que diferem entre mulheres com e sem câncer de mama e em proteínas que se alteram em uma pessoa ao longo do tempo.
Se mais pesquisas validarem estas descobertas, esse teste poderá ser usado como um complemento às técnicas de triagem existentes. Exames de sangue são relativamente simples e não são particularmente invasivos ou dolorosos, podendo assim ser realizados periodicamente no rastreio.
Assim sendo, temos a expectativa de que esse estudo possa efetivamente resultar em em um exame de sangue indicado para pessoas com um alto risco de desenvolvimento de câncer de mama, o que poderia orientar a triagem e os demais exames de rastreamento e diagnóstico de forma personalizada e também ajudar a diagnosticar o câncer de mama no estágio mais precoce possível.
Se, durante o período de acompanhamento das mulheres, os níveis de proteína começarem a subir, as pacientes serão então submetidas a uma ressonância magnética, momento em que se poderá discutir com a paciente suas opções. Para as mulheres que prefeririam se submeter à mastectomia preventiva, essa seria a hora mais adequada de de realizá-la.
Mais detalhes do estudo
Para o estudo, a equipe analisou as amostras de sangue com espectrometria de massa direcionada para examinar alterações pré-diagnósticas nos níveis de proteína. Eles realizaram uma análise de caso-controle aninhada em amostras de soro de três mulheres que desenvolveram câncer de mama e três mulheres que não desenvolveram.
A análise inicial desses três casos e controles, que forneceram cinco amostras de soro cada, ou um total de 30 amostras intrapacientes adquiridas longitudinalmente, indicou que cada paciente tinha padrões únicos e identificáveis %u200B%u200Bde agrupamento de proteínas.
A análise de agrupamento dos casos e controles revelou que, de 764 proteínas candidatas, havia um painel de seis proteínas distintas que foram significativamente associadas ao início precoce do câncer de mama.
Crucialmente, a equipe descobriu que, usando cortes personalizados e baseados na população, essas diferenças de proteína estavam presentes entre um e dois anos antes do diagnóstico clínico de câncer de mama.
O futuro
No futuro, a ideia é a de validar essas descobertas em toda a coorte TESTBREAST. A equipe também está colaborando com pesquisadores internacionalmente, para permitir que a técnica seja simplificada e tenha também seus custos reduzidos.