Pesquisadores da Cleveland Clinic dos EUA iniciaram um estudo inédito de uma vacina programada para prevenir o câncer de mama do subtipo chamado “triplo-negativo” – a forma mais agressiva da doença. O câncer de mama triplo-negativo representa uma parcela significativa dos diagnósticos: cerca de 15% de todos os casos de câncer de mama identificados tratam-se de tumores triplo-negativo.
A forma como o câncer é identificado na análise imuno-histoquímica é que dá origem ao nome ou subtipo: caso seja identificada a ausência das três proteínas que classificam câncer de mama (HER2; estrogênio e progesterona) nas células tumorais examinadas, ele é então classificado como um câncer de mama triplo-negativo.
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O estudo de fase 1 determina a dose máxima tolerada da vacina em pacientes com câncer de mama em estágio inicial, triplo-negativo e avaliará a resposta imune à vacina. A FDA, agência reguladora americana, aprovou recentemente a vacina como um novo medicamento experimental, permitindo que a Cleveland Clinic e a parceira Anixa Biosciences Inc. realizem esse estudo, uma vez que as etapas pré-clinicas de desenvolvimento já foram cumpridas.
Esse primeiro estágio é importante para se estudarem os efeitos colaterais da vacina e garantir que a vacina produza uma resposta imunológica apropriada, sendo então reconhecida como segura. A longo prazo, os investigadores estão otimistas quanto ao seu potencial preventivo contra o surgimento deste tipo de câncer de mama.
A hipótese da “proteína aposentada” por trás do desenvolvimento da vacina e seu valor potencial contra o câncer de mama
Vincent Tuohy, PhD, um dos investigadores da equipe, desenvolveu a chamada “hipótese da proteína aposentada”. Isso postula que existem proteínas expressas por certos tecidos apenas em determinados períodos de tempo e que os tumores expressam essas proteínas de forma aberrante.
Com isso, elas podem ser um alvo para abordagem imunoterápica. Especificamente, esse estudo está analisando a alfa lactase albumina, uma proteína do leite que é expressa durante a lactação, mas não expressa pelos tecidos normais. Cerca de 70% dos cânceres de mama triplo-negativos superexpressam essas proteínas.
Com isso, elas podem ser um alvo para abordagem imunoterápica. Especificamente, esse estudo está analisando a alfa lactase albumina, uma proteína do leite que é expressa durante a lactação, mas não expressa pelos tecidos normais. Cerca de 70% dos cânceres de mama triplo-negativos superexpressam essas proteínas.
O Dr. Tuohy fez muitas pesquisas imunológicas anteriores em esclerose múltipla e outras doenças, e assim teve a oportunidade de aprender sobre a alfa lactalbumina. Ele fez estudos pré-clínicos que foram publicados na Nature Medicine mostrando que essa abordagem poderia prevenir o desenvolvimento de câncer de mama em alguns modelos pré-clínicos.
Depois de muitas tentativas, conseguiu financiamento através do Departamento de Defesa para fazer o ensaio clínico atual.
Depois de muitas tentativas, conseguiu financiamento através do Departamento de Defesa para fazer o ensaio clínico atual.
Etapas do ensaio clínico de fase I em andamento
Nessa etapa, os investigadores irão imunizar as pacientes contra a alfa-lactalbumina em algum momento após o término da gravidez para que elas possam ficar imunes a uma grande proporção de cânceres de mama triplo-negativo.
O primeiro estudo está sendo feito em pacientes com câncer de mama triplo negativo, estágios II a III, que completaram o tratamento padrão e estão livres da doença. É um estudo de fase 1 em que doses variadas da vacina são administradas a cada 2 semanas.
A finalidade principal desta etapa é a de avaliar a toxicidade e a resposta imune. A partir disso, se determinará uma dose a ser usada em testes futuros.
O primeiro estudo está sendo feito em pacientes com câncer de mama triplo negativo, estágios II a III, que completaram o tratamento padrão e estão livres da doença. É um estudo de fase 1 em que doses variadas da vacina são administradas a cada 2 semanas.
A finalidade principal desta etapa é a de avaliar a toxicidade e a resposta imune. A partir disso, se determinará uma dose a ser usada em testes futuros.
Assim que a dose ideal for determinada, os ensaios incluirão mulheres submetidas à mastectomia profilática devido ao risco genético de câncer de mama para que as mesmas possam ser imunizadas antes da cirurgia.
Serão assim analisados a resposta imune e os efeitos colaterais da vacina, bem como o exame das mamas removidas para se garantir que não haja evidência de inflamação local que possa levar a efeitos colaterais a longo prazo.
Serão assim analisados a resposta imune e os efeitos colaterais da vacina, bem como o exame das mamas removidas para se garantir que não haja evidência de inflamação local que possa levar a efeitos colaterais a longo prazo.
Para quais pacientes essa vacina seria indicada
O maior potencial dessa vacina é para pessoas com alto risco de desenvolvimento câncer de mama triplo negativo, como portadoras da mutação do gene BRCA1. Possivelmente no futuro também para portadoras de mutação do gene PALB2.
Outros podem estar em alto risco, mas BRCA1 seria o grupo mais óbvio.
Tratam-se de pacientes tem indicação de uma mastectomia bilateral profilática para que não haja desenvolvimento futuro do câncer nessas mamas. O Maior potencial desta vacina é evitar que essa cirurgia seja necessária, uma vez que seu potencial preventivo seja comprovado.
Outros podem estar em alto risco, mas BRCA1 seria o grupo mais óbvio.
Tratam-se de pacientes tem indicação de uma mastectomia bilateral profilática para que não haja desenvolvimento futuro do câncer nessas mamas. O Maior potencial desta vacina é evitar que essa cirurgia seja necessária, uma vez que seu potencial preventivo seja comprovado.
Potencial aplicabilidade desta vacina para outros tumores
A hipótese da “proteína aposentada” também é relevante para outros tumores. Já existem estudos comprovando a presença desta família de proteínas imunogênicas em tumores de pâncreas, próstata, ovários e mesmo corpo uterino. Isso faz com que estas proteínas sejam potenciais alvos, não só para vacinas preventivas como para vacinas terapêuticas e outras formas de imunoterapia anti-tumoral específica.