A vacinação contra a COVID-19 avança em todo o mundo e, embora de forma lenta, faz crescer a esperança de vencermos essa doença sem precedentes. Em paralelo, avançam também os estudos para detalhar o funcionamento das vacinas nos diferentes tipos de pessoas, a exemplo dos pacientes oncológicos, que recebem atenção especial devido à condição de imunossupressão causada pelo próprio câncer e também por alguns tratamentos.
Uma pesquisa realizada por pesquisadores da University of Texas Health Science Center, em San Antonio (EUA), reuniu dados demonstrando que a maioria dos pacientes com câncer tem uma boa resposta imunológica às vacinas de mRNA, como as da Pfizer e Moderna.
Os pesquisadores avaliaram 131 pacientes. Metade era mais velha e metade mais jovem, com uma média de idade geral de 63 anos. A maioria (106) tinha tumores sólidos. Oitenta por cento dos pacientes eram brancos; 18% eram pacientes hispânicos; e 2% eram pacientes negros.
A principal descoberta foi de que 94% dos participantes desenvolveram anticorpos para o novo coronavírus três a quatro semanas após a segunda dose de uma vacina de mRNA.
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A pesquisa também encontrou diferenças significativas na resposta imunológica dos pacientes com câncer na imunização com duas doses em comparação com uma, demonstrando que a vacinação completa com duas doses é fundamental para uma resposta robusta de anticorpos.
O estudo não examinou variantes do coronavírus, incluindo a variante Delta, altamente contagiosa, e não analisou como as células T e B de combate à infecção em pacientes com câncer responderam à vacinação. Além disso, os pesquisadores também observaram a necessidade de, no futuro, observar diferenças entre pacientes negros, asiáticos e hispânicos.
De toda forma, as descobertas sugerem que os pacientes de alto risco devem tomar precauções contra a infecção, mesmo após a vacinação. Aliás, no Brasil e em outras regiões em que a vacinação avança lentamente, esse cuidado deve ser tomado por toda a população, principalmente, com o crescimento de casos com a variante Delta.
*André Murad é oncologista, pós-doutor em genética, professor da UFMG e pesquisador. É diretor-executivo na clínica integrada Personal Oncologia de Precisão e Personalizada e diretor Científico no Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão: GBOP. Exerce a especialidade há 30 anos, e é um estudioso do câncer, de suas causas (carcinogênese), dos fatores genéticos ligados à sua incidência e das medidas para preveni-lo e diagnosticá-lo precocemente.
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