Em meio a uma pandemia sem precedentes no século 21, percebemos que várias das nossas urgências, na verdade, podiam esperar: fazer aquele tratamento de beleza, ir ao shopping, aproveitar a promoção, viajar no fim de semana.
A nossa saúde, no entanto, não é uma dessas ‘coisas’ adiáveis. Afinal, o risco iminente de contágio por coronavírus e desenvolvimento da COVID-19 deixou claro: a saúde e a vida são nossos maiores bens.
A nossa saúde, no entanto, não é uma dessas ‘coisas’ adiáveis. Afinal, o risco iminente de contágio por coronavírus e desenvolvimento da COVID-19 deixou claro: a saúde e a vida são nossos maiores bens.
Então, por que, em um mundo sem coronavírus, em geral, cuidamos tão mal da nossa saúde? Se o mundo parou para evitar o contágio de uma doença que pode levar ao óbito, por que somos menos racionais quando se trata de prevenir o desenvolvimento de doenças também mortais como o câncer, a obesidade, a hipertensão e tantas outras? Talvez a metáfora do sapo na água quente possa explicar... Mas, o resultado é o mesmo: morte.
Tivemos no começo deste mês, o Dia Mundial de Combate ao Câncer, que, embora não seja a data oficial da Organização Mundial da Saúde (OMS), é aproveitada para conscientizar sobre essa doença.
Por pouco, ao escolher o tema desta semana, deixei passar o assunto, devido à enxurrada de informações sobre a pandemia – tal como deve ser, diante de sua gravidade e de seu impacto.
Mas, em análise, resolvi retomar a temática da oncologia. Afinal, o câncer não está esperando e, silenciosamente, sem alarde, segue fazendo milhares de vítimas em todo o mundo: somente em 2018 foram 9,6 milhões de mortes e 18,1 milhões de novos casos, conforme dados da OMS. A organização estima que esse número se aproxime dos 37 milhões até 2040.
Mas, em análise, resolvi retomar a temática da oncologia. Afinal, o câncer não está esperando e, silenciosamente, sem alarde, segue fazendo milhares de vítimas em todo o mundo: somente em 2018 foram 9,6 milhões de mortes e 18,1 milhões de novos casos, conforme dados da OMS. A organização estima que esse número se aproxime dos 37 milhões até 2040.
Ações de prevenção como a redução do tabagismo, a vacinação contra Hepatite B (prevenção do câncer de fígado e a vacinação contra o papilomavírus humano, responsável pelo câncer de colo de útero) poderiam poupar 7 milhões de vidas ao longo da próxima década, segundo a OMS. Acrescento a essa análise a prevenção em relação aos casos de Síndromes de Predisposição Hereditárias ao Câncer, que poderia contribuir consideravelmente: 15% dos casos de câncer estão relacionados a mutações herdadas geneticamente.
Ao contrário do coronavírus, que, além da higiene, exige cuidados extremos como isolamento social, não abraçar, não beijar, não tocar, a prevenção do câncer inclui hábitos de vida que só trazem benefícios.
Não fumar, substituir a dieta rica em gordura e proteína animais, hipercalórica, com excesso de carnes vermelhas, salgadas ou artificialmente conservadas, por uma rica em produtos vegetais, frutas, cereais, peixes, etc., reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas, manter a prática periódica de exercícios físicos, combater a obesidade, evitar a exposição desprotegida aos raios solares. Além disso, fazer a prevenção contra os agentes biológicos principais como os vírus das hepatites B e C (causam câncer de fígado), o HPV (principal responsável pelo câncer de colo uterino e de garganta), além do Helicobacter pylori (tumores no estômago).
Aliás, ao falar desses últimos fatores de risco, gostaria de fazer outro paralelo à COVID-19. Embora a doença venha causando vítimas entre pessoas jovens e saudáveis, além dos idosos, a tendência é de casos em pessoas que já possuíam algum quadro clínico pré-existente, incluindo pacientes oncológicos em tratamento com quimioterapia, radioterapia, corticoterapia (corticoides), imunossupressores, pacientes hematológicos ou que foram submetidos a transplante de medula óssea.
Dessa forma, devemos pensar nosso organismo como algo único: ao ter hábitos de vida saudáveis, não estamos evitando a doença A ou B, mas garantindo a qualidade de vida, e, mais importante, que, ao se deparar com uma doença nova como o COVID-19, nosso corpo possa combater a nova ameaça com toda sua capacidade. Do contrário, com uma imunidade já abalada, lutando contra outras doenças, nosso organismo terá menos ferramentas para reagir.
Dito isso, convido a todos a aproveitarem a quarentena mundial para repensarem seus hábitos de vida, de forma a garantir um corpo saudável e forte no futuro!
Se você quer se comunicar comigo, envie mensagem para andremurad@personaloncologia.com.br
Se você quer se comunicar comigo, envie mensagem para andremurad@personaloncologia.com.br
*André Murad é oncologista, pós-doutor em genética, professor da UFMG e pesquisador. É diretor-executivo na clínica integrada Personal Oncologia de Precisão e Personalizada. Exerce a especialidade há 30 anos, e é um estudioso do câncer, de suas causas (carcinogênese), dos fatores genéticos ligados à sua incidência e das medidas para preveni-lo e diagnosticá-lo precocemente.