Tosse aguda: entenda o que causa e saiba como identificar

Em tempos de COVID-19, tosse passou a ser mais impopular que nunca, gerando desconfiança e preconceito de quem está ao lado

Anastasia Gepp /Pixabay
(foto: Anastasia Gepp /Pixabay)

A tosse é  um sintoma que se manifesta em boa parte da população e em grande número de doenças. É um reflexo que objetiva expulsar algum agente irritante dos pulmões ou garganta.

A presença ou ausência de secreção caracteriza a tosse como produtiva ou seca.

Por ser decorrente de grande número de doenças, originadas no pulmão ou fora dele, é uma queixa comum nos consultórios médicos. E em tempos de COVID-19 a tosse passou a ser ainda mais impopular que nunca, gerando desconfiança e preconceito de quem está ao lado.

A tosse irritante, frequente, especialmente a noturna, pode trazer ainda mais impactos à vida e trabalho, por prejudicar a qualidade do sono.

Em relação à duração é classificada como:
 
- Aguda: aquela que dura até três semanas.
- Subaguda: tosse persistente que dura entre três e oito semanas.
- Crônica: tosse com duração superior a oito semanas.

Na coluna de hoje falarei mais sobre a tosse aguda e na próxima, da tosse subaguda e crônica.

O mecanismo da tosse é complexo, geralmente tem início em receptores espalhados pelas vias aéreas e posteriormente chega à medula. As maiores responsáveis pela tosse aguda são as infecções das vias aéreas superiores por vírus, especialmente os que provocam o resfriado comum, seguidos pela viroses que acometem a traqueia, os pulmões e brônquios(vias aéreas inferiores).

Outra causa comum é a rinossinusite aguda, infecção que atinge nariz e seios paranasais(cavidades em torno do nariz que se comunicam com ele) e que na maioria das vezes é causada por vírus mas que pode evoluir para infecção chamada secundária, por bactérias. Os alérgicos e asmáticos frequentemente sofrem com crises de tosse de curta duração após exposição a poeira, especialmente a doméstica, fumaça inclusive de cigarro, mofo, perfumes e durante as gripes e resfriados. 

A tosse com eliminação de secreção clara, líquida, geralmente está associada aos processos infecciosos de origem viral e alérgicos. Nessas situações ela se assemelha a clara de ovo e costuma também ser eliminada pelo nariz.

A mudança da cor para amarelo, verde ou até marrom, pode ser sinal de piora e progressão do processo inicial virótico ou alérgico para infecção secundária, geralmente causada por bactérias.

Isso ocorre pela agressão inicial da mucosa seja na cavidade nasal e seios da face ou nos pulmões, ocasionada pelo vírus ou processo alérgico, da qual bactérias que vivem nessas regiões se aproveitam e invadem aqueles tecidos. A invasão da mucosa por bactérias causa intensa reação de células de defesa e consequente aumento da secreção e sua mudança de cor. É mais comum quando o ar está frio e/ou seco, como no inverno ou por uso excessivo de ar condicionado no verão. O ar frio e seco causa desidratação do muco, aumentando sua viscosidade e dificultando sua eliminação por minúsculos cílios existentes em todo o trato respiratório que ficam paralisados em baixa temperatura. Nessa situação o muco, que contém células de defesa e anticorpos,  acaba se tornando um meio de cultura, uma mistura adequada para crescimento de bactérias. 

A tosse aguda, súbita, geralmente associada a falta de ar, dor no peito, ansiedade, sudorese, secreção sanguinolenta, pode também ter causas fora do trato respiratório, especialmente a embolia pulmonar, que recentemente descobriu-se estar associada à infecção pelo novo Coronavírus. Nessa situação os vasos pulmonares recebem grande quantidade de coágulos geralmente provenientes de membros inferiores. É mais comum em pessoas acamadas ou que fizeram viagens mais longas, mas pode também acontecer em pessoas que não passaram por essas situações e tem predisposição genética. 

O acúmulo súbito de líquidos nos pulmões, decorrente de falta de força do coração para bombear sangue, chamado de edema agudo do pulmão, é uma situação igualmente grave, podendo ser decorrente de infarto ou agravamento de doença cardíaca ou hipertensão pré-existentes. 

Em ambas situações os pulmões não conseguem efetuar a necessária troca de gás carbônico por oxigênio, resultando em quadro de importante ansiedade. 

Crises súbitas de asma também podem ser graves, mas nessa doença o mecanismo é diferente: em volta dos brônquios existe delicada musculatura que se contrai, diminuindo o calibre e dificultando a saída de ar dos pulmões - como resultado acumula-se ar dentro dos pulmões e a troca gasosa fica prejudicada.

A maior parte dos casos de tosse aguda é de origem infecciosa e melhora ingerindo-se muito líquido, jogando soro fisiológico no nariz várias vezes ao dia, vaporização (sem nenhum tipo de essência que geralmente só serve para irritar mais ainda) e evitando ao máximo ar frio ou ambientes que causem alergia. O uso de balas ou líquidos doces costuma aliviar bem. Muitos remédios para resfriados ou gripes podem agravar ainda mais a situação e só devem ser utilizados sob orientação médica. Os asmáticos precisam utilizar medicação específica e sem excessos.

Quando essas medidas não resolvem, duram mais tempo, estão associadas a escarro com sangue, falta de ar, dor no peito ou febre, você deve evitar a automedicação e um médico deve ser imediatamente consultado. 

Meu nome é Alexandre Rattes sou otorrinolaringologista e se você tem alguma sugestão me envie pelo e-mail otorrino.lifecenter@gmail.com