Logo ao nascimento de uma criança um dos momentos mais esperados é o choro. O simples fato de o bebê chorar imediatamente após o parto é um sinal de funcionamento adequado de várias funções e expressa uma respiração adequada num momento crítico: só se pode emitir sons de alta intensidade se os pulmões estiverem bem cheios de ar.
A qualidade do choro e a presença de ruídos durante a inspiração, normalmente silenciosa, podem determinar a presença de alterações na formação das pregas ou cordas vocais já naquele momento.
As pregas vocais situam-se na laringe e são duas estruturas musculares muito finas recobertas por epitélio. Situam-se logo acima da traqueia, no pescoço. São elas as responsáveis pela emissão sonora de choros, grito, fala. É um sistema harmônico capaz de modular frequências diferentes por contração e relaxamento que, associado ao controle do fluxo de ar, poderá determinar volume sonoro maior ou menor.
Sem sombra de dúvida, foi essa alta capacidade de comunicação propiciada pela utilização da voz nas suas diversas formas, inclusive canto, que diferencia os seres humanos de todos os outros animais. Aliás, somos os únicos animais capazes de aprender com o conhecimento alheio, e a voz é certamente o fator mais determinante disso!
As pregas vocais estão suscetíveis a doenças diversas de natureza infecciosa ou degenerativa. Como estão muito próximas da entrada do esôfago, tubo muscular que leva o alimento da garganta até o estômago, o refluxo de suco gástrico pode danificar sua delicada estrutura.
As laringites são provocadas na maioria das vezes por vírus e ocorrem geralmente associadas a gripes e resfriados. E tudo que afeta diretamente as cordas vocais provoca rouquidão, associada ou não a tosse e eliminação de secreção esverdeada ou amarelada. Não raro atendemos pacientes com laringite no verão por conta do uso de ar-condicionado em temperatura muito baixa.
Das doenças degenerativas, a mais comum são os calos ou nódulos de pregas vocais. Essas lesões são decorrentes do uso inadequado ou abusivo da voz e acometem crianças e adultos, raramente sendo encontradas entre idosos. Os calos de pregas vocais também podem ser decorrentes de pigarro excessivo em pacientes com rinite alérgica ou refluxo gastroesofágico.
A exemplo das rodas de um carro, que giram em alta velocidade, se houver um desequilíbrio em algum ponto de uma delas isso irá ocasionar um “desbalanceamento” e vibração diferente, com rouquidão, que se agrava aos esforços vocais.
A exemplo das rodas de um carro, que giram em alta velocidade, se houver um desequilíbrio em algum ponto de uma delas isso irá ocasionar um “desbalanceamento” e vibração diferente, com rouquidão, que se agrava aos esforços vocais.
As pregas vocais recebem e sofrem muto as consequências da fumaça do cigarro. A deposição de substâncias cancerígenas na superfície da prega vocal facilita muito a ocorrência do câncer de laringe, frequente entre fumantes, mesmo aqueles que mais de uma década antes interromperam o tabagismo.
O diagnóstico das doenças das pregas vocais é realizado pelo otorrinolaringologista, por meio de exames com fibra ótica rígida ou flexível – um avanço extraordinário que se tornou popular a partir dos anos 1990. O tratamento das doenças da laringe pode ser medicamentoso, através de exercícios prescritos pelas fonoaudiólogas ou cirúrgico.
Se você tem rouquidão há mais de 15 dias ou está associada a tosse, falta de ar ou secreção, não deixe de procurar um otorrinolaringologista
Meu nome é Alexandre Rattes, sou otorrinolaringologista e se você tiver alguma dúvida me mande um e-mail: rattes.otorrino@gmail.com