O órgão dos sentidos responsável pela audição é o ouvido. O ouvido ou orelha externa é a nossa orelha, que capta os sons e os transmite até o tímpano. O espaço atrás da membrana timpânica, cheio de ar, é denominado orelha média. Quando o som atinge a membrana timpânica, ela vibra e transfere os sons aos menores ossículos que estão ligados em sequência: o martelo, a bigorna e o estribo.
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Quando comecei a estudar Medicina achei que nunca mais precisaria dos conhecimentos de Física nas fantásticas salas de aula prática do Colégio Técnico da UFMG – que engano! A Física explica boa parte da fisiologia de funcionamento dos órgãos de sentido, coração, vasos sanguíneos e tudo mais! O ouvido é fisicamente fantástico e para os que gostam vale a pena assistir a vídeos de fisiologia da audição disponíveis no Youtube.
O ser humano ouve sons entre as frequências 20 (grave) e 20.000 Hz.
Já os cães ouvem 4 vezes melhor, sendo capazes de detectar um som quatro vezes mais distante e escutam as frequências compreendidas ente 15 e 40.000 Hz (ultrassons).
Os gatos ouvem entre 60 Hz até cerca de 65.000 Hz; os morcegos entre 1.000 e 120.000 Hz.
Golfinhos e baleias emitem sons até de alta frequência (120 Khz) para se comunicar, e como a água salgada é um excelente meio de condução de ondas sonoras, podem se comunicar a distâncias enormes!
A audição ajuda os animais e seres humanos a comunicar, interagir, mas também advertir da aproximação de predadores ou ameaças. E a perda da audição pode trazer serias consequências sociais.
Surdez é o nome técnico dado à dificuldade ou impossibilidade de ouvir. E há vários níveis de surdez que só podem ser adequadamente mensurados quando da realização de uma Audiometria – exame realizado dentro de uma cabine acústica para detectar os níveis mais baixos que ouvimos sons e voz.
Geralmente os pacientes nos perguntam qual o percentual de audição perdido, mas o grau de surdez é classificado através de médias simples considerando frequências testadas e variam do leve ao profundo. Quanto mais significativa a perda maior o impacto na vida social.
Os problemas auditivos afetam toda as faixas etárias e cada idade tem suas doenças mais prevalentes. A surdez que é descoberta ao nascimento é chamada congênita e pode ter causas genéticas, mas na maioria das vezes é decorrente de doenças ou situações ocorridas durante a gravidez ou parto.
Infecções do ouvido médio podem afetar todas as faixas etárias. Com a idade, perdemos progressivamente a audição e doenças tais como Diabetes e Insuficiência Renal e alguns tipos de medicamentos podem acelerar essa perda.
A Presbiacusia, envelhecimento auditivo decorrente da idade, tem forte caráter familiar e afeta muito o comportamento do idoso, impactando o relacionamento com pessoas e com o mundo. Esse impacto é ainda maior quando à perda auditiva se somam outras deficiências, inclusive a visual, também muito prevalente nessa faixa etária. Uma vez que as frequências mais afetadas são os tons médios e agudos, inclusive frequências da voz humana, o idoso com surdez tende a se isolar de conversas em locais com ruído de fundo elevado, tais como festas e reuniões. Posteriormente, com o agravamento do quadro, afasta-se também de televisão e das conversas em família. Nesses quadros, quase que invariavelmente segue-se depressão. Sabe-se também que doenças degenerativas cerebrais, tais como Alzheimer e demência senil, podem ser aceleradas em idosos que escutam mal.
O tratamento da perda auditiva pode ser através de medicamentos, nos casos de infecção ou às vezes simples remoção de cerume, mas na maioria das vezes se faz necessário o uso de aparelhos auditivos.
E as próteses auditivas melhoram muito com a diminuição e avanços ocorridos especialmente na última década. O mercado oferece soluções de pequenas dimensões, alguns modelos com pilha recarregável, facilitando a vida de quem tem tremores nas mãos ou enxerga mal; e bluetooth, permitindo falar e ouvir através do aparelho auditivo sem precisar levar o celular ao ouvido. Os aparelhos deixaram de ser simples amplificadores e a tecnologia embarcada dos mais sofisticados permite que um software em tempo real monitore o ambiente, selecionando programa de amplificação que melhor se adapte às condições e ruído de fundo do local.
O futuro reserva grandes novidades com a chamada internet das coisas chegando aos aparelhos auditivos e permitindo a integração com a rede mundial de computadores e aplicações que vão de mensagens lembrando uso de medicamentos à tradução em tempo real de conversações em outra língua!
Muitas vezes diante do diagnóstico e necessidade do uso de aparelho, ocorre rejeição à prescrição ou necessidade. Essa rejeição é decorrente, muitas vezes, de vaidade ou do estigma da velhice associado ao uso.
Em nossa prática, sempre que necessário o uso do aparelho, estimulamos o teste antes da compra, o que facilita muito a decisão.
Surdez é assunto sério e tem tratamento! Tem dúvidas? Mande para alexandrerattes@gmail.com